segunda-feira, 4 de novembro de 2024

"DE MAL: uma recordação da infância", por Gino Martins Borges Bastos

 


Dona Nancy Carlota de Oliveira Rangel e seu marido Dr José Antônio Rangel 


Em minha infância, minha família tinha como vizinhos, na rua XV de Novembro, o Dr José Antônio Rangel e sua esposa Dona Nancy Carlota de Oliveira Rangel, juntamente com seus filhos Juninho, Clytia e Maurício.

Devido a essa vizinhança, eu e Juninho nos tornamos muito próximos. Isso, contudo, nos valeu apelidos por parte dos coleguinhas: eu era o "Sapo Boi", enquanto o Juninho era o "Perereca". E eles nos caçoavam cantando uma música conhecida na época: "Perereca na buzina e Sapo Boi na direção!". 

Eu me indignava com isso e ia desabafar com minha mãe, que me ensinou: "se você mostrar aborrecimento com o apelido, eles vão ficar sempre implicando com você!".

Certa vez, eu e Juninho nos desentendemos e dissemos um para o outro: "estou de mal!". Como consequência disso, ficamos proibidos de falar o nome um do outro. O tempo passou e a necessidade de reatarmos o contato sem violar a proibição nos levou a chamar um ao outro de "De Mal!". Quando íamos chamar o outro, exclamávamos: "Ô De Mal!".

O tempo passou, nos tornamos adolescentes e jovens. Eis que chega a notícia do falecimento do Juninho em um acidente de carro, o que me abalou muito.

Hoje, eu tendo o privilégio de ter alcançado a 3ª Idade, sempre que encontro com o Dr José Antônio Rangel e dona Nancy, nos lembramos dos tempos inocentes em que eu e Juninho éramos simplesmente dois "De Mal!".


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