quinta-feira, 12 de junho de 2014



ROBERTO SILVEIRA FOI VÍTIMA DE UM ATENTADOAFIRMA SOBRINHA DO EX-GOVERNADOR 


O governador Roberto Silveira, que nasceu no distrito de Calheiros, percorreu a réplica da Usina Franco Amaral, na Praça Governador Portela, em 1960

Em depoimento exclusivo para O NORTE FLUMINENSE, via e-mail, a sobrinha do ex-governador Roberto Silveira, e filha do ex-governador Badger Silveira, Ana Maria Silveira, diz: "Afirmo, sem a menor dúvida, que Roberto foi vítima de um atentado".

Após ler as duas matérias publicadas pelo nosso jornal: “GOLPE MILITAR TROUXE PERDA IRREPARÁVEL A BOM JESUS DO ITABAPOANA” e “ASSASSINATO DE ROBERTO SILVEIRA DEVERIA SER INVESTIGADO PELA COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE”, Ana  afirmou que ficou comovida após ler a primeira reportagem e impressionada  quanto à segunda, “pela coincidência” de pontos de vista. Em seguida, assevera: “ Afirmo, sem a menor dúvida, que Roberto foi vítima de um atentado”.
 
Ana afirmou que já encaminhou, inclusive, solicitação à Comissão Nacional da Verdade peticionando a investigação do caso.
 
Segue o depoimento exclusivo encaminhado a O Norte Fluminense:
"Tenho escrito para a Comissão Nacional da Verdade solicitando exatamente isso: que revejam também os crimes cometidos anteriores ao golpe-sujo militar.
Afirmo, sem a menor dúvida, que Roberto foi vítima de uma atentado. Segundo o deputado Marcos Freire, cometido pela CIA americana juntamente com a marinha brasileira. Este fato ele me disse que soube quando esteve em Moscou, por amigos da KGB e que seriam facilmente comprovados pelo governo estadunidense, já que eles abrem seus arquivos vinte anos depois.
Marcos Freire, alguns anos depois, já Ministro da Reforma Agrária do governo Sarney também foi vítima de atentado, juntamente com toda a sua equipe. Nessa época conheci sua irmã, na casa da amiga comum Amélia Império Hamburger. Ela se dizia muito preocupada com as ameaças que ele vinha sofrendo, que acabaram se concretizando.
Mas vamos falar do atentado ao Roberto.
O ATENTADO A ROBERTO SILVEIRA
Nesse dia eu estava no Palácio Itaboraí, em Petrópolis, onde a família se encontrava de férias.
Eu tinha 12 anos. Meus avós e tia também lá se encontravam, mais um tio e prima. Esse meu tio era João Brasil, de Bom Jesus.
Domingo tinha sido um dia mágico, dos poucos em que o tio Roberto ficou o tempo todo conosco.
À noite veio uma informação de que Santo Antônio de Pádua estava debaixo d’água devido a uma incomum enchente.
O tio ficou nervoso, andava para um lado e para o outro e, assim, atravessou a noite, tentando conseguir um helicóptero para ir verificar, ele próprio, a situação do município alagado.
Quase amanhecendo chegou a notícia de que a marinha havia disponibilizado um, que pousaria no palácio Rio Negro, cujo gramado serviria de heliporto.
Não me recordo que horas eram quando o tio Roberto nos chamou (as crianças) e nos disse, dirigindo-se principalmente ao Jorge, com seu jeito entusiasmado: “ Corram para as janelas que o pai vai passar já-já aqui de helicóptero e vou dar tchau para vocês!!!” O Jorge ainda perguntou: ‘Posso ir também, pai?!!!”
- Não, filho. Desta vez você vai ficar aí, tomando conta da sua mãe e das 
suas irmãs.
 Magnetizados, fomos seguindo-o até ao automóvel e ainda me lembro dele com aquele sorriso gostoso, acenando alegre para todos.
Tia Ismélia chegou bem perto dele, pelo lado de fora da janela (acredito que se sentindo roubada da presença dele em seu pouco tempo de férias) e lhe falou: - Ah, Roberto, fica mais com a gente! Tem tanto jornalista que pode ir e lhe mandar informação!...
- Ô Bela!!! Também já fui jornalista e sei que só para me agradar são capazes de dizer que está tudo bem!  Além do mais, a presença do Governador vai dar mais segurança à população desabrigada...
A essa altura saímos correndo para tomar lugar nas janelas. De onde estávamos não avistávamos o prédio do palácio Rio Negro pela frente, de forma que não presenciamos a queda do helicóptero.
Mas aconteceu uma coisa que nunca saiu de minha memória: de repente, uma fumaça preta, densa, começou a subir, subir, subir, numa forma cilíndrica, indicando que não havia vento nenhum naquele momento de incêndio.
Havia um garçom muito engraçado, o Lima, que ainda comentou: - Olha lá!!! Tem um homem fumando um charuto!!!
E as crianças, numa barulheira só, não tiravam os olhos de onde viria Roberto voando...
Vou pular para o dia seguinte:
Havia uma agitação no ar que eu não estava compreendendo. Era muito cedo, talvez umas sete horas da manhã ou menos quando ia saindo um veículo do palácio e meu tio João Brasil pediu uma carona até o local do acidente, no palácio Rio Negro.
Sua filha Regina e eu pedimos para irmos junto. Quando chegamos em frente ao local do acidente, só havia um gramado chamuscado. Nem um parafuso ou traços da ferragem. Para espanto nosso, que não sabíamos do acidente, tio João começou a gritar descontrolado: - “Desgraçados!!! Miseráveis! Esses filhos disso e daquilo tentaram matar o Roberto!!! Desmancharam todas as provas!!!...’ E gritava, gritava... Aí que eu percebi a gravidade da situação. Esconderam-nos os fatos e também dos meus avós.
A partir desse momento, fiquei em alerta e escutando daqui e dali. Concordei, desde aquela ocasião com tio João Brasil: tentaram matar o Roberto!!
A perícia, segundo as notícias vindas pelo rádio, falava de uma ventania que atirou o veículo em uma árvore, quebrando uma hélice ou coisa parecida.
Que ventania, se todos que estávamos a postos, esperando o tio passar, vimos uma fumaça perfeitamente delineada?!!!
Por que retiraram os destroços com tanta eficiência?!
É simples: Roberto atrapalharia tremendamente o golpe-sujo militar.
Era muito mais fácil eliminá-lo como Governador que como futuro Presidente da República, que certamente seria. Apoiaria o Juscelino Kubitscheck como vice-presidente deste. Na gestão seguinte Roberto viria candidato à Presidência com o apoio do Juscelino.
Eles já haviam firmado esse acordo, segundo Badger.
Além do Roberto, a CNV também deveria apurar a morte de outros jovens líderes assassinados na mesma época".



A FUNDAÇÃO DO MEMORIAL GOVERNADORES ROBERTO E BADGER SILVEIRA



No dia 07 de junho passado, ocorreu a histórica reunião em que  foi decidida a fundação da Associação de Amigos do Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira. A entidade ficará responsável por arrecadar recursos para a construção do prédio e administrar o Memorial.

A reunião ocorreu no antigo Sítio Rio Preto, em Calheiros, 2o. Distrito de Bom Jesus do Itabapoana, onde nasceram Roberto e Badger Silveira. Participaram da reunião Gino Martins Borges Bastos, Edesio Machado de Souza, André Luiz de Oliveira, Edimo Saluto Rezende, Alessandro Santos Nunes, Cintia Oliveira Nunes, José Alves Moreira, Eraldo Saluto de Rezende, Gizelia Ferreira Ribeiro Tenório e Georgina de Oliveira Santos.




Em pé: Gino, Edésio, André Luiz, Édimo, Alessandro, Cíntia e José Alves. Sentados: Eraldo, Gizelia e Georgina: deliberação pela fundação da Associação dos Amigos do Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira


A área para a construção do prédio foi gentilmente cedida por Georgina de Oliveira Santos, viúva de Neneco, o amigo de infância de Roberto e Badger, e por sua filha Cíntia Oliveira Nunes. 



Área do antigo Sítio Rio Preto, onde nasceram os ex-governadores Roberto e Badger Silveira, cedida por Georgina de Oliveira Santos e sua filha Cíntia Oliveira Nunes para a construção do Memorial 




O LOGOTIPO DO MEMORIAL







O logotipo do Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira, cuja pedra fundamental será lançada no dia 10 de agosto, às 14h, no antigo Sítio Rio Preto, em Calheiros, 2o. Distrito de Bom Jesus do Itabapoana (RJ), foi idealizado pelo artista plástico cubano Francisco Rivero. Vejam a explicação do autor sobre sua criação:



"El concepto de este simbolo parte de los siguientes elementos:

- La grafia de la letra inicial de los nombres la R y B, he retenido el trazo superior curvo de cada una de las letras.

- La curva  en horizontal de esta grafia representa la trayectoria de la vida publica de estos dos personalidades que sirvieron con lealta a las instituciones de la Republica del Brasil".




ROBERTO E BADGER SILVEIRA VIVEM!



 Badger e Roberto Silveira  (foto do livro "Roberto Silveira, a pedra e o fogo", de José Sérgio Rocha)

Assumindo o compromisso com os ideais dos ex-governadores Roberto e Badger Silveira, representantes das novas gerações de bonjesuenses de todas as matizes e rincões renderão tributo aos mesmos no dia 10 de agosto próximo,às 14h, exatamente no lugar onde nasceram: o antigo Sítio Rio Preto, localizado na zona rural do distrito de Calheiros.


O silêncio e a amnésia social que pairaram, há décadas, sobre ambos começam a ser rompidos.
 
O exemplo de vida e de luta de Roberto e Badger Silveira  hão de acompanhar seus conterrâneos, doravante, estimulando-os a seguir defendendo seus legados.


A história e as tradições não constituem algo que esteja circunscrito a uma instância que nos seja distante e alheia, mas consubstanciam  algo definidor da especificidade de nosso povo e de nossa gente.

Exsurge, portanto, como um imperativo, trazer à consciência social  a história de Roberto e Badger Silveira, a história de nossa gente.

Seus pais, Boanerges Borges Silveira e Biluca, assim como seus avós Antonio Ignácio da Silveira e Maria Borges da Silveira, trazendo consigo os sonhos oriundos do Arquipélago dos Açores, construiram rico legado em nossa terra. 

Roberto Silveira é um mártir e o testemunho de sua sobrinha Ana Silveira é eloquente quanto a isso. Badger Silveira, seu irmão, por sua vez, foi deposto de forma inescrupulosa por forças golpistas que retiraram do poder um governador legitimamente eleito pelo povo fluminense.

Ambos estavam prestes a conferir à sua terra natal e ao povo fluminense um período de grande desenvolvimento.

As injustiças sofridas por Roberto e Badger Silveira que abalaram profundamente nosso povo, contudo, não serão em vão!

Serão convertidas em força inesgotável para que os bonjesuenses continuem a lutar pelo sonho de ambos: uma Bom Jesus do Itabapoana desenvolvida, com cidadãos imbuídos do seu senso de missão e de dignidade, e que jamais se curvarão às forças sombrias da violência e da morte.
 
ROBERTO E BADGER SILVEIRA VIVEM! 





Da Série Depoimentos sobre os Governadores Roberto e Badger SIlveira (I)


MARIA ÁUREA MEGRE HOBAICA

Maria Áurea Megre Hobaica homenageou Badger Silveira quando foi vereadora


"Roberto era um grande político e se não tivesse falecido, seria o presidente da República.

Recordo-me que em um comício em Belo Horizonte, quando Roberto começou a ser pronunciar, a multidão se aglomerou para ouvi-lo. Ele tinha um grande carisma.

Bom Jesus deve a ele o asfalto que o ligava a Itaperuna.

Meu pai, Joaquim Moreira Megre, estudou com Badger Silveira, no Colégio Rio Branco.

Recordo-me que, certa vez, Roberto visitou meu pai, Joaquim Moreira Megre, conhecido como Coquinho, pedindo seu apoio. Meu pai apoiou Roberto em tudo o que pôde.
 
Bom Jesus chegou a eleger cinco deputados: dois federais, José Augusto Pereira das Neves e Antônio Carlos Pereira Pinto, e três estaduais, Michel Salim Saad, José Saad e Tito Nunes.

Quando Badger foi eleito governador e esteve em Bom Jesus, foi à minha casa visitar meu pai. No encontro com amigos de infância, neste dia, ele disse para todos: 'Agora estou sentindo o peso de ser governador'.

Quando eu fui vereadora, comandei uma homenagem a Badger, que esteve em Bom Jesus para recebê-la".



JOÃO JOSÉ ASSAD 


João José Assad: lições de Direito com Roberto e Boanerges



 "Após ter estudado no Colégio Rio Branco e concluído o ginásio, fui estudar o 2o. ano científico no Liceu de Niterói.

Certa vez, fui de trem para Niterói em companhia de Roberto Silveira. Eu comentei com ele sobre meu interesse em estudar Direito, mas me preocupava com o fato de ter de defender criminosos. Roberto, que já era advogado, contudo, me esclareceu: 'Defender um criminoso não significa necessariamente lutar pela sua absolvição, mas lutar para que ele seja condenado na medida de sua culpabilidade, evitando que o réu seja condenado por pena maior do que a merecida'. Esse ensinamento de Roberto sempre ficou em minha mente e foi muito útil na minha decisão em estudar o Direito.


Boanerges, pai de Roberto e Badger, residia em frente à Igreja Matriz, onde hoje está situado parte do Supermercado Varejão. Boanerges era consultor jurídico e seu escritório estava localizado na sala da casa. Sua residência, propriamente dita, ficava na parte dos fundos do prédio. Boanerges era grande conhecedor da área jurídica e eu costumava frequentar sua casa para tirar dúvidas, uma vez que eu era estudante de direito. Ele me atendia com total disponibilidade. Recordo-me que, certa vez, idealizei conseguir a naturalização de meu pai, Alexandre José Assad, que era libanês. Boanerges analisou o caso e concluiu que essa seria tarefa difícil, devido à  burocracia na capital federal. Por sorte, contudo, uma lei estabeleceu que, por ocasião da promulgação da Constituição Federal de 1936, quem fosse estrangeiro, tivesse propriedade e filho no Brasil, poderia obter a cidadania brasileira. Assim, através de medida judicial, consegui a naturalização de meu pai que, graças a isso, pôde votar, anos depois, em Roberto Silveira para governador". 






Nenhum comentário:

Postar um comentário