Foto: Darci Boniolo
Foto histórica: Guido Nunes Rezende e Maria Apparecida Dutra Viestel, netos respectivamente do 2º e 1º prefeitos de Bom Jesus do Itabapoana. Atrás, Angélica Dutra, filha de Maria Apparecida |
A segunda reunião histórica realizada no dia 25 de abril passado, organizada pelo ILA (Instituto de Letras e Artes Dr. José Ronaldo do Canto Cyrillo), que é presidido pela dra. Nísia Campos, trouxe ao público, além dos fatos e personagens de nossa primeira emancipação, implementada em 25 de dezembro de 1890, informação sobre fato que não consta na historiografia.
Foto: André Luiz de Oliveira
Segundo Guido Nunes Rezende, neto do Cel. Luiz Vieira de Rezende, seu avô protegeu o futuro presidente do Brasil, Nilo Peçanha, da perseguição das forças do Império, em meados de abril de 1889, em sua fazenda em Calheiros.
SESSÃO DO ILA REVELA FATO HISTÓRICO DESCONHECIDO DA HISTORIOGRAFIA
Fotos: André Luiz de Oliveira
Guido Nunes Rezende |
A segunda reunião histórica realizada no dia 25 de abril passado, organizada pelo ILA (Instituto de Letras e Artes Dr. José Ronaldo do Canto Cyrillo), que é presidido pela dra. Nísia Campos, trouxe ao público, além dos fatos e personagens de nossa primeira emancipação, implementada em 25 de dezembro de 1890, informação sobre fato que não consta na historiografia.
Segundo Guido Rezende, neto do Cel. Luiz Vieira de Rezende, seu avô protegeu o futuro presidente do Brasil, Nilo Peçanha, da perseguição das forças do Império, em meados de abril de 1889, em sua fazenda em Calheiros.
Em matéria anexa, intitulada AS GARRAFADAS DE LAJE, O NORTE FLUMINENSE aprofunda a discussão sobre a revelação de Guido Rezende.
A série de sessões históricas promovidas pelo ILA objetiva resgatar fatos e personagens relativos às duas emancipações de Bom Jesus do Itabapoana. A 1ª emancipação ocorreu entre os dias 25 de dezembro de 1890 e 8 de maio de 1892.
Na reunião do dia 27 de março passado, a mesma focalizou o 1º Conselho de Intendência, que funcionou entre os dias 25 de dezembro de 1890 e 12 de dezembro de 1891. O colegiado teve como presidente, Pedro Gonçalves da Silva Jr., conhecido como Cel. Pedroca. O presidente exercia, também, a função equivalente à de prefeito. Foram mencionados, ainda, os demais intendentes que exerceram as funções equivalentes aos cargos dos vereadores: Cel. Luiz Vieira de Rezende, Manoel Antônio de Azevedo Mattos, Joaquim Teixeira da Siqueira Reis e Capitão Francisco de Teixeira de Siqueira, além do secretário da Intendência, José Cândido Fragoso.
Após as renúncias do presidente Marechal Deodoro da Fonseca, do governador Francisco Portela e dos integrantes do 1º Conselho de Intendência, o novo governador do estado do Rio de Janeiro, comandante Baltazar da Silveira, nomeou os membros do 2º Conselho no dia 7 de janeiro de 1892, tendo os mesmos tomado posse no dia 15 de janeiro. O novo colegiado teve como presidente o Cel. Luiz Vieira de Rezende, que foi, portanto, o 2º prefeito de Bom Jesus do Itabapoana. Os demais intendentes nomeados foram João de Souza Rodrigues, Ricardo da Costa Soares, Francisco Boechat e João Pedro Lengruber, somando-se ao colegiado Joaquim Sérgio Bastos. João Cândido Fragoso foi indicado como o novo secretário.
No dia 8 de maio de 1892, o governador José Thomaz Porciúncula editou o Decreto nº 01, que retirou a autonomia de nosso município, anexando-o ao de Itaperuna.
O DIA DA REVOLTA BONJESUENSE
Este ato de Porciúncula foi imediatamente rechaçado pelos bonjesuenses que se revoltaram contra a medida, não aceitando a perda da autonomia e a subordinação a Itaperuna.
No dia 20 de junho de 1892, os bonjesuenses reuniram-se em uma das salas onde funcionou a Intendência, e onde está situado atualmente o Big Hotel, e deliberaram que Itabapoana, nome anterior de nossa circunscrição administrativa, continuaria a ser município, mesmo contra o ato oficial do governador.
Em seguida, nomearam os novos integrantes do 3º Conselho de Intendência. O mesmo ficou constituído assim: João de Souza Rodrigues, José Boechat, João Pedro Lengruber, Carlos de Aquino Xavier, Severino Teixeira de Oliveira, Cel. Luiz Vieira de Rezende e Antônio Simplício de Salles. Foi nomeado Antônio Antunes de Siqueira como secretário
A rebelião bonjesuense durou cerca de um ano. O 3º Conselho de Intendência funcionou até o dia 15 de julho de 1893.
A SESSÃO HISTÓRICA
Abrindo o evento, nas dependências do plenário da Câmara Municipal, dra. Nísia Campos anunciou a homenagem aos intendentes que compuseram o 2º Conselho de Intendência.
Dra. Nísia Campos ladeada por Rubem Oliveira, presidente do ILAC (Instituto de Letras e Artes de Carabuçu) e o Sargento Jailson Alves, do Tiro de Guerra |
Estiveram presentes ao evento descendentes dos intendentes Cel. Luiz Vieira de Rezende, Francisco Boechat, João de Souza Rodrigues, Joaquim Sérgio Bastos, João Pedro Lengruber, Ricardo da Costa Soares e do secretário João Cândido Fragoso.
O palestrante da noite foi Guido Nunes Rezende, neto do Cel. Luiz Vieira de Rezende. Ele é filho de Ulisses Vieira de Rezende e Maria Augusta Nunes Vieira.
Segundo Guido, "o português João Rezende Costa, originário da Ilha de Faial, no Arquipélago de Açores, foi quem trouxe a família Vieira de Rezende para o Brasil no século XVIII.
José Rezende Costa, filho de João Rezende Costa, foi inconfidente e braço direito de Tiradentes. O filho de José Rezende Costa, com o mesmo nome do pai, acompanhou-o no movimento libertário.
Pai e filho foram presos e deportados perpetuamente para a África, por ato de Maria, a Louca. Foram embarcados na Fragata denominada Golfinho. Por causa disso, a esposa de José Rezende Costa (pai), Helena Maria de Jesus, resolveu manter as cerca de 20 janelas de sua fazenda Engenho Velho dos Cataguás, em Lagoa Dourada (MG), fechadas indefinidamente. Ele foi deportado para Bissau, falecendo no continente africano.
José Rezende Costa, o filho, casado com Anna Alves Preto, foi deportado para Cabo Verde, onde chegou a ocupar cargos relevantes neste país africano. Com a proclamação da independência, D. Pedro I lavrou um indulto, razão pela qual José Rezende Costa retornou ao país, fixando-se em Minas Gerais.
Meu avô Cel. Luiz Vieira de Rezende era tetra neto de José Rezende Costa (pai). Casou-se com Augusta Amélia, em 1860, em São João Nepomuceno (MG). Ele era jovem quando, juntamente com o tio Major Vieira e o Cel. José Vieira, tiveram participação de destaque na criação do município mineiro de Cataguases, cujo nome foi dado por influência do Cel. José Vieira.
Mudou-se, depois, para a Fazenda Boa Fortuna, em Calheiros. Foi a partir daí que lutou pela causa republicana. Em meados de abril de 1889, por ocasião de uma conferência sobre a república em Laje do Muriaé (RJ), com a presença de Nilo Peçanha, forças do Império atacaram o prédio onde ocorreria o evento. Nilo Peçanha foi ferido. Meu avô escondeu-o na Fazenda Boa Fortuna.
As tropas imperiais chegaram à Fazenda procurando por ele. Meu avô, contudo, só permitiu a entrada do comandante e informou a este que Nilo Peçanha não estaria na fazenda. Após aguardar dez dias, e ter certeza que a tropa monarquista não se encontrava na região, Nilo pôde sair da Fazenda.
Meu avô foi eleito, posteriormente, no dia 10 de maio de 1889, para a primeira Câmara de Vereadores de Itaperuna (RJ) com maioria republicana, em pleno império.
Juntamente com Pedro Gonçalves da Silva Jr., o Cel. Pedroca, arquitetaram a primeira emancipação de Bom Jesus do Itabapoana.
O Cel. Luiz Vieira exerceu a presidência do 2º Conselho de Intendência, cargo equivalente ao de prefeito, entre 7 de janeiro de1892 e 8 de maio de 1892, quando ocorreu o fim da emancipação. Mesmo abalado, meu avô continuou, contudo, na luta por Bom Jesus.
Juntamente com seus irmãos, construíram a Ponte dos Vieira, que liga Calheiros a São José do Calçado (ES), que permitiu a escoação do café para as terras capixabas.
Após 65 anos de casamento, minha avó faleceu na Fazenda Boa Fortuna. Depois, meu avô declarou ao ao jornalista Osório Carneiro, de A Voz do Povo: 'Não compreendo a vida sem estar ao lado de minha esposa'. Ele faleceu em 1943. Foi um homem que viveu e lutou com idealismo pela construção de um mundo com liberdade e desenvolvimento", finalizou.
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Alunos do Centro Educacional Santa Rita de Cássia e do Colégio Estadual Padre Mello se fizeram presentes. A noite histórica contou, ainda, com apresentação magistral de Issacar Newton, ao violino, e Thadeu Almeida, no órgão.
Alexis Delaine, presidente do Conselho Municipal de Educação, registrou a importância da atuação do ILA, através da dra. Nísia Campos, no aprimoramento cultural de nosso município.
A presidente do ILA distribuiu, então, livreto concernente ao 2º Conselho de Intendência, que foi autografado pelos descendentes dos intendentes.
Dra. Nìsia Campos manifestou sua alegria em poder estar contribuindo para o resgate da história de Bom Jesus do Itabapoana. Informou, ainda, que "o ILA completará 20 anos no dia 11 de agosto, enquanto o ILAC completará a mesma quantidade de anos em dezembro". Convidou todos, ao final, a entoarem a tradicional canção "Rio de minha terra", juntamente com o violonista Amílcar Gonçalves, o Mão de Ouro, e Ana Maria Teixeira Baptista. A música é de autoria da própria Ana Maria e seus pais Oliveiro Teixeira e Tertuliana Simão Teixeira (Zita). Após a apresentação que emocionou a todos, o evento teve o encerramento com o tradicional coquetel e confraternização.
Thadeu Almeida e Issacar Newton: momentos sublimes |
Alunos do Centro Educacional Santa Rita de Cássia e do Colégio Estadual Padre Mello marcaram presença no evento |
Gino Bastos entregou exemplares da edição nº 2288 de O Norte Fluminense, que contém a reportagem sobre a sessão de 27 de março, aos descedentes dos intendentes, a pedido de dra. Nísia Campos |
Livreto sobre o 2º Conselho de Intendência foi distribuído pelo ILA |
Descendentes dos Intendentes e do Secretário do 2º Conselho autografaram o livreto editado pelo ILA |
RIO DE MINHA TERRA
Letra: Oliveiro Teixeira
Música: Tertuliana Simão Teixeira (Zita) e Ana Maria Teixeira Baptista
Itabapoana majestoso
Que banha a minha cidade
Vai caminhando sinuoso
Levando a minha saudade
Nasce no Caparaó, a grande serra,
Banha Rosal e suas rosas perfumadas
Forma a cachoeira da Fumaça e a do Inferno
Sempre brilhando sob as noites enluaradas.
Vai caminhando para o seu destino
Que ao Oceano conduz
Leva consigo mágoas e tristezas
Do povo de Bom Jesus.
Dra Nìsia Campos: resgate da História Política de Bom Jesus do Itabapoana |
OS DESCENDENTES DOS INTENDENTES
Maria Cristina Borges representou os descendentes do intendente Joaquim Sérgio Bastos |
Maria da Glória Silva Souza representou os descendentes do intendente Francisco Boechat |
Descendentes de intendente João Pedro Lengruber: Elenízia Lengruber, Elenice Lenbruber e Luci Lengruber |
Descendentes
do intendente Ricardo da Costa Soares: Ana Clara Fragoso de Castro Moreira e Ana Maria da Graça
Fragoso do Carmo |
Descendentes do secretário João Cândido Fragoso: Maria Cristina Borges Carrerete, Ana Maria da Graça Fragoso do Carmo e Osvaldo Ribeiro |
AS GARRAFADAS DE LAJE
Guido Nunes Rezende |
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As sessões históricas do ILA abrem as portas, portanto, não apenas para o passado de nosso município, mas de toda a região e do país. | |||||||
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