NOTA: em fevereiro de 2012, O Norte Fluminense publicou em sua edição escrita, sob o título "TUPY DANCING CLUB VOLTARÁ A FUNCIONAR", a reportagem abaixo, que somente agora é postada neste blog. Os tradicionais Bonecos do Tupy devem se apresentar neste ano no resgate do Carnaval Tradicional de Bom Jesus, idealizado pelo novo secretário de Indústria, Comércio, Turismo e Cultura, Raul Travassos, um dos gênios de nossa terra e cenógrafo de dezenas de novelas da Rede Globo de Televisão. Além dos Blocos do Tupy está prevista, até o momento, a apresentação de cerca de cinco blocos. Os cineastas Phillip Johnston e Rocio Salazar virão do Rio de Janeiro especialmente para realizar filmagens deste evento histórico.
Toninho é reconhecido por sua contribuição à cultura da região, através dos Bonecos do Tupy |
O tradicional TUPY DANCING CLUB, de Bom Jesus do Norte (ES), voltará a funcionar, é o que garante Antonio Francisco de Paulo, o Toninho do Tupy, nascido no dia 02/04/1930, em Bom Jesus do Itabapoana (RJ), na conhecida Rua dos Mineiros.
Depois da 2a. Guerra Mundial, Toninho mudou-se para o lado capixaba, onde seu pai, João Adão de Paulo ("João de Dão"), conseguiu uma casa, indo nela morar juntamente com sua mãe Rosa Maria da Conceição.
Conta Toninho que onde hoje funciona o SICOOB, estava estabelecido antigamente o prédio do Armazém Capixaba, de propriedade de José Mansur. Nos idos de 1954, Toninho, juntamente com Benedito Santos e Erlan Tardin alugaram o prédio para criarem a ESCOLA UNIDOS DO SAMBA.
Posteriormente, quando Toninho disse a seu pai a respeito do desejo de adquirir uma casa na rua dr. Manoel da Silva, onde mora atualmente, em Bom Jesus do Norte, também de propriedade de José Mansur, o mesmo desaconselhou-o: "Você vai passar vergonha!". Mas outras pessoas o aconselharam a prosseguir em sua ideia. Havia, contudo, outro comprador interessado em adquirir a casa: "era João Alves, mas José Mansur deu preferência a mim, e fiquei pagando 80 contos por ano". Depois que Toninho perguntou a José Mansur a respeito de "qual fiador iria querer?", José Mansur respondeu: " Quem é filho de João de Dão não precisa de avalista!". Toninho se recorda que "fiquei com as pernas tremendo, de tanta responsabilidade".
José Mansur não costumava fornecer qualquer recibo, uma vez que a relação entre ambos era baseada na confiança mútua. Em 1961, José Mansur faleceu.
Posteriormente, o seu filho Adib chamou-o e lhe disse: "embora meu pai não tivesse dado recibo a você, ele registrava tudo no livro. Observo aqui que só faltam duas parcelas. Mas você só precisa pagar uma. A outra eu lhe dou de presente para pagar as despesas". Ao final, Toninho acabou ainda entrando como "herdeiro de José Mansur para facilitar a escritura". Foi a partir daí que resolveu mudar-se para sua atual residência.
Toninho costumava ir sempre ao Rio de Janeiro, oportunidade em que marcava presença constante no "Clube Tupy", localizado na Rua Tiradentes. Foi inspirado neste agremiação que Toninho deu nome ao Clube que fundou, com localização no prédio contíguo à de sua residência. "Comprei a parte de Erlan e de Benedito, do Unidos do Samba, e mudei-me para esta casa. Mais tarde, abri o clube para os sócios contribuintes. A ata de fundação do Tupy Dancing Club foi feita pelo Dr. Luciano Bastos", completa.
Toninho se recorda que pelo Tupy passaram várias orquestras, como a de "Cícero Ferreira, Parnaro de Muriaé e Samuel Xavier e Orquestra, além de outras de Campos dos Goytacazes".
Toninho se recorda, ainda, do apoio que sempre teve de "Zezé Borges, José Carlos Pereira Pinto, Jorge Assis de Oliveira, Sá Tinoco, dr. Manuel Pereira das Neves e José Carlos Pereira Pinto".
BONECOS DO TUPY
Em relação aos famosos Bonecos do Tupy, Toninho diz que "foi um nordestino de pré-nome Rubens que veio visitar um compadre de pré-nome Bedenor. O compadre veio para a casa de Bedenor e, com a ideia de construirem bonecos gigantes para desfilarem no Carnaval, arranjaram material e fizeram juntos, em 1967, na rua Carlos Xavier, dois desses bonecos: 1) Careca Barrigudo e 2) Boneca. O fato é que os bonecos foram um sucesso na Unidos do Samba e deram o inicio à tradição. Depois os bonecos aumentaram para seis. Construí também outro Boneco que fez grande sucesso, conhecido como 'Mula Rosada' ". Foi assim que Toninho aprendeu a fazer os bonecos, integrando a cultura nordestina à da região.
Posteriormente, pesquisadores da FAOP (Fundação de Artes de Ouro Preto -MG), com o apoio do SEBRAE, ministraram a Toninho e outros artesãos uma oficina para aperfeiçoarem a técnica de fazer Bonecos Gigantes
Hoje, Toninho é reconhecido como artesão especialista em construir Bonecos Gigantes utilizando material reciclado.
PERSEGUIÇÃO AO CLUBE
O Tupy funcionou, sem qualquer problema, por cerca de 3 a 4 anos. "Foi a partir daí que a Polícia começou a perseguir o Clube". Por este motivo, "o dr. Luciano Bastos sugeriu que eu registrasse o clube". Toninho chegou a ir até à casa do Promotor de Justiça reclamar da perseguição e levou coonsigo o estatuto do clube. O Promotor orientou-o a que, "quando a Polícia fosse lá, dissesse que era para irem, primeiramente, à Promotoria de Justiça".
Toninho se recorda indignado que, certa vez, a Polícia entrou no Tupy e "prendeu as dançarinas. Acusaram-nas de vadias. Além disso, disseram que havia menores e que haveria quartos para alugar. Por este motivo, fecharam o clube".
Toninho resolveu, então, ir "até o Juiz de Direito em São José do Calçado e denunciou que, se haviam fechado o Tupy pela suposta presença de menores, havia também menores nos bailes do Centro Cívico, mas ninguém em Bom Jesus do Norte falava nada". O juiz teria respondido que "o negócio é com o Promotor. Fale com o Promotor". Segundo Toninho, um "Desembargador de Vitória mandou investigar o que estava acontecendo e, ao final, pude reabrir o Clube".
"Cheguei a enviar carta denunciando a arbitrariedade ao presidente João Figueiredo e ao Secretário de Segurança", diz Toninho.
Segundo Toninho, tudo não passou de "perseguição". Toninho lembra que convidou o Promotor de Justiça a vistoriar as dependências do Clube e verificar se haveria quartos para alugar. "Depois que constatou que não havia nada de ilícito, o Promotor passou inclusive a ser meu amigo. Foram quatro anos de perseguição!", desabafa Toninho.
REINAUGURAÇÃO DO TUPY
Depois da 2a. Guerra Mundial, Toninho mudou-se para o lado capixaba, onde seu pai, João Adão de Paulo ("João de Dão"), conseguiu uma casa, indo nela morar juntamente com sua mãe Rosa Maria da Conceição.
Conta Toninho que onde hoje funciona o SICOOB, estava estabelecido antigamente o prédio do Armazém Capixaba, de propriedade de José Mansur. Nos idos de 1954, Toninho, juntamente com Benedito Santos e Erlan Tardin alugaram o prédio para criarem a ESCOLA UNIDOS DO SAMBA.
Posteriormente, quando Toninho disse a seu pai a respeito do desejo de adquirir uma casa na rua dr. Manoel da Silva, onde mora atualmente, em Bom Jesus do Norte, também de propriedade de José Mansur, o mesmo desaconselhou-o: "Você vai passar vergonha!". Mas outras pessoas o aconselharam a prosseguir em sua ideia. Havia, contudo, outro comprador interessado em adquirir a casa: "era João Alves, mas José Mansur deu preferência a mim, e fiquei pagando 80 contos por ano". Depois que Toninho perguntou a José Mansur a respeito de "qual fiador iria querer?", José Mansur respondeu: " Quem é filho de João de Dão não precisa de avalista!". Toninho se recorda que "fiquei com as pernas tremendo, de tanta responsabilidade".
José Mansur não costumava fornecer qualquer recibo, uma vez que a relação entre ambos era baseada na confiança mútua. Em 1961, José Mansur faleceu.
Posteriormente, o seu filho Adib chamou-o e lhe disse: "embora meu pai não tivesse dado recibo a você, ele registrava tudo no livro. Observo aqui que só faltam duas parcelas. Mas você só precisa pagar uma. A outra eu lhe dou de presente para pagar as despesas". Ao final, Toninho acabou ainda entrando como "herdeiro de José Mansur para facilitar a escritura". Foi a partir daí que resolveu mudar-se para sua atual residência.
Toninho costumava ir sempre ao Rio de Janeiro, oportunidade em que marcava presença constante no "Clube Tupy", localizado na Rua Tiradentes. Foi inspirado neste agremiação que Toninho deu nome ao Clube que fundou, com localização no prédio contíguo à de sua residência. "Comprei a parte de Erlan e de Benedito, do Unidos do Samba, e mudei-me para esta casa. Mais tarde, abri o clube para os sócios contribuintes. A ata de fundação do Tupy Dancing Club foi feita pelo Dr. Luciano Bastos", completa.
Toninho se recorda que pelo Tupy passaram várias orquestras, como a de "Cícero Ferreira, Parnaro de Muriaé e Samuel Xavier e Orquestra, além de outras de Campos dos Goytacazes".
Toninho se recorda, ainda, do apoio que sempre teve de "Zezé Borges, José Carlos Pereira Pinto, Jorge Assis de Oliveira, Sá Tinoco, dr. Manuel Pereira das Neves e José Carlos Pereira Pinto".
BONECOS DO TUPY
Em relação aos famosos Bonecos do Tupy, Toninho diz que "foi um nordestino de pré-nome Rubens que veio visitar um compadre de pré-nome Bedenor. O compadre veio para a casa de Bedenor e, com a ideia de construirem bonecos gigantes para desfilarem no Carnaval, arranjaram material e fizeram juntos, em 1967, na rua Carlos Xavier, dois desses bonecos: 1) Careca Barrigudo e 2) Boneca. O fato é que os bonecos foram um sucesso na Unidos do Samba e deram o inicio à tradição. Depois os bonecos aumentaram para seis. Construí também outro Boneco que fez grande sucesso, conhecido como 'Mula Rosada' ". Foi assim que Toninho aprendeu a fazer os bonecos, integrando a cultura nordestina à da região.
Posteriormente, pesquisadores da FAOP (Fundação de Artes de Ouro Preto -MG), com o apoio do SEBRAE, ministraram a Toninho e outros artesãos uma oficina para aperfeiçoarem a técnica de fazer Bonecos Gigantes
Hoje, Toninho é reconhecido como artesão especialista em construir Bonecos Gigantes utilizando material reciclado.
PERSEGUIÇÃO AO CLUBE
O Tupy funcionou, sem qualquer problema, por cerca de 3 a 4 anos. "Foi a partir daí que a Polícia começou a perseguir o Clube". Por este motivo, "o dr. Luciano Bastos sugeriu que eu registrasse o clube". Toninho chegou a ir até à casa do Promotor de Justiça reclamar da perseguição e levou coonsigo o estatuto do clube. O Promotor orientou-o a que, "quando a Polícia fosse lá, dissesse que era para irem, primeiramente, à Promotoria de Justiça".
Toninho se recorda indignado que, certa vez, a Polícia entrou no Tupy e "prendeu as dançarinas. Acusaram-nas de vadias. Além disso, disseram que havia menores e que haveria quartos para alugar. Por este motivo, fecharam o clube".
Toninho resolveu, então, ir "até o Juiz de Direito em São José do Calçado e denunciou que, se haviam fechado o Tupy pela suposta presença de menores, havia também menores nos bailes do Centro Cívico, mas ninguém em Bom Jesus do Norte falava nada". O juiz teria respondido que "o negócio é com o Promotor. Fale com o Promotor". Segundo Toninho, um "Desembargador de Vitória mandou investigar o que estava acontecendo e, ao final, pude reabrir o Clube".
"Cheguei a enviar carta denunciando a arbitrariedade ao presidente João Figueiredo e ao Secretário de Segurança", diz Toninho.
Segundo Toninho, tudo não passou de "perseguição". Toninho lembra que convidou o Promotor de Justiça a vistoriar as dependências do Clube e verificar se haveria quartos para alugar. "Depois que constatou que não havia nada de ilícito, o Promotor passou inclusive a ser meu amigo. Foram quatro anos de perseguição!", desabafa Toninho.
REINAUGURAÇÃO DO TUPY
Toninho e Antonio Moreira: encontrando-se aos domingos para recordarem os áureos tempos do Tupy Dancing Club |
As atividades do Tupy estão paralisadas há cerca de 5 anos, uma vez que o Clube ficou sem teto, "por causa do cupim" e ainda não conseguiu apoio financeiro para restabelecê-lo. Apesar dos poucos recursos disponíveis, Toninho já colocou as ferragens para reerguer os pilares de sustentação."Se as pessoas ajudarem, seria possível que neste ano pudéssemos reinaugurar o Tupy", acrescenta.
"As pessoas, ainda hoje me perguntam: Por que acabaram com a tradição dos famosos Bailes do Tupy?"
Toninho tem "saudades dos tempos da Festa de Agosto. Mas não sou só eu. Até hoje as pessas apelam para voltarmos a fazer os Bailes do Tupy durante as Festas de Agosto".
Enquanto o sonho da reinauguração do Tupy não se realiza, Toninho e seu amigo Antonio Moreira, que o visita todos os domingos para recordarem as músicas antigas em um aparelho de som colocado à porta do Clube, sonham com o futuro que dará a continuidade das tradições e das emoções do passado.
Toninho tem "saudades dos tempos da Festa de Agosto. Mas não sou só eu. Até hoje as pessas apelam para voltarmos a fazer os Bailes do Tupy durante as Festas de Agosto".
Enquanto o sonho da reinauguração do Tupy não se realiza, Toninho e seu amigo Antonio Moreira, que o visita todos os domingos para recordarem as músicas antigas em um aparelho de som colocado à porta do Clube, sonham com o futuro que dará a continuidade das tradições e das emoções do passado.
GRATO PELO ENVIO
ResponderExcluirDEU SAUDADES
CLÉBER COIMBRA (DO DF)
E a saúde como vai?
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