terça-feira, 2 de maio de 2017

OS 97 ANOS DE ELCIO XAVIER, NOSSO POETA MAIOR











Completará 97 anos de idade amanhã, dia 3 de maio, Elcio Xavier, nosso poeta maior, considerado um dos grandes vates do país. 

Uma de suas obras mais destacadas é "O Véu da Manhã", lançado em 2ª edição pela Editora O Norte Fluminense em 2013, que foi elogiada por Adonias Filho, membro da Academia Brasileira de Letras e por críticos literários, entre os quais Lúcio Cardoso.



Em comemoração à data, a Editora O Norte Fluminense lançará, com orgulho,  no próximo dia 6 de maio, no Auditório Dona Carmita, no ECLB, às 19h, com a presença de Elcio Xavier - que virá especialmente para a homenagem - a 2ª edição de outra obra de destaque do mestre: "Rosaquarium".


Editora O Norte Fluminense se orgulha em lançar, também, a 2ª Edição de "ROSAQUARIUM"





A Lira Operária Bonjesuense e a Escola de Música JEMAJ também prestarão homenagem a Elcio.


Em outra homenagem à data natalícia do mestre, o jornal O Norte Fluminense organizou, com o apoio de renomados poetas da Academia Calçadense de Letras, o concurso de poesia "Elcio Xavier e o Véu da Manhã". O concurso contou com a participação de 19 poetas do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.


Estudantes se destacam na participação do concurso


Um dos destaques do concurso foi a participação de alunos da Escola Estadual Governador Roberto Silveira - sete - o que revela a qualidade do ensino que é ministrado naquele educandário. Por este motivo, a Editora O Norte Fluminense se propôs a lançar, até o final do ano, um livro contendo os poemas dos estudantes da escola.


No concurso, houve também a participação de de uma aluna do Colégio Estadual Luiz Tito de Almeida, do distrito de Rosal, e um aluno do Colégio Estadual Padre Mello. Participaram, também, com uma poesia, a E.E. Horácio Plínio, de Bom Jesus do Norte (ES), a E.M.E.F.M. Monsenhor Elias Tomasi, de Mimoso do Sul (ES) e da Escola Municipal Marechal Mascarenhas de Moraes, Vitória (ES).




A classificação

As poesias que alcançaram as três primeiras colocações, e que receberão medalhas, assim como a que obteve a menção honrosa, foram as seguintes:

1º lugar

Elcio Xavier - Além dos olhos

Tereza Cristina de Lima Nazareth de Jesus
Colégio Estadual Luiz Tito de Almeida (Distrito de Rosal, Bom Jesus do Itabapoana)



Quisera eu imergir 
no devaneio da aurora 
que assoma na elegância de teus versos,
ó nobre Elcio! 
Quisera caminhar 
nos teus trilhos poéticos 
onde discretamente espalhaste 
os retratos e contornos do teu ser 
Quisera velejar 
nas águas puras que descreves 
Pudera antes ter nascido 
para antes tê-lo conhecido. 

Quisera ouvir o bramir cativo daqueles ventos... 
ver no orvalho, adorno das manhãs,
o véu transparente, 
cuja sombra cede lugar às palavras 
e seu desprender se resume
no desabrochar do poeta maior. 

Estrela bonjesuense, 
que no esplêndido Maio surgiste! 
Já não se limita às vagas páginas em branco,
nas quais outrora desenhaste o futuro. 
Entretanto, habitas sorrateira
No viajar deste meu pensamento 
e se refaz a cada novo horizonte. 

2º lugar

O Ecologista

Suelyr Reis da Silva
Bom Jesus do Itabapoana (RJ)

Sonho feito papel,
Papel feito criança, 
Criança feito vida, 
Vida feito verde, 
Verde feito amor, 
Amor feito esperança.
Esperança de um mundo melhor, 
Com menos guerra, 
Menos discórdia, 
Menos destruição. 

O homem Elcio Xavier,
Bonjesuense que procura a paz. 
E onde ela está? 
No sorriso de criança, 
No desabrochar de uma flor, 
No brilho das estrelas, 
No balanço das ondas,
Na gota de orvalho que cai, 
Todas as manhãs.
No calor do sol. 

Nesses fatos estão a tranqüilidade,
O sossego e a paz. 
O que procura o homem? 
Fama e poder,
Guerra e Violência. 
O homem com sua insensatez, 
Vai destruindo o verde, 
As matas, as florestas. 
Mata os peixes, sem controlar sua fúria. 
Polui os lagos e os rios. 

Amigos, ouvi-me... 
Ainda há tempo de salvar a natureza, 
Salvar os animais, as plantas, nosso mundo. 
Basta crer em Deus e olhar para si mesmo. 
Com nosso conterrâneo ilustre, 
Que com o seu Véu da Manhã. 
Nos diz a cada dia: Amo a terra que me viu nascer, 
Amo o sol, as estrelas, as montanhas. 

Meu coração bate forte, pelas águas do Itabapoana.


3º lugar

O VÉU DO AMANHÃ


Abraham Novaes Alves
Colégio Estadual Padre Mello


Vi, em um pasmo caudaloso e turvo, o amanhã
Um véu o cobria numa triste manhã
Envolto de sons emitidos de um olhar azul
Oriundos do vento sul

Densas névoas manejavam suas asas
E relâmpagos desapareciam nas casas
Eis que um vulto surge altivo
Com gesto afetivo

Percebi, então, que era eu néscio
Antes de conhecer Elcio
O fascínio de Ége
Que o coração protege

De Xavier em Xavier
Seja o que vier
Os mares estão traçados
Mesmo nos barcos vergastados

Canta, poeta maior,
Poetiza a melodia de cor,
Como os olhos encontram suas lágrimas
Me encontrei ao alcançar suas páginas.



Menção Honrosa


Elcio Xavier



Kasthiliane Aparecida Brambila Rabelo
Colégio Estadual Governador Roberto Silveira


Um poeta que penetra
Nas suas análises,
Onde a poesia para ele
Sempre será uma descoberta.

Bonjesuense que traz
Na carreira um
Coração valente,
Recria um Universo
Que a todos pertence.

Com toda intensidade
Ele nos traz
A sua contemplação
No seu livro “O Véu da Manhã”.

Com legitimidade
Ele nos faz sonhar
Num mundo onde
Só ele nos faz penetrar.

Entre idas e vindas,
Com amor e dor,
Ele nem imagina
O tamanho do seu valor.

Um homem vivido e amigo,
Humilde e compreensivo,
Com linguagem simples
É verdadeira e simplesmente
Elcio Xavier.





Parabenizamos a todos que participaram desta importante homenagem a Elcio Xavier. Todos receberão certificado de participação.




A Comissão Julgadora: membros da conceituada Academia Calçadense de Letras


Maria Dolores Pimentel, Edson Lobo e Vera Maria Borges Viana: acadêmicos consagrados da Academia Calçadense de Letras integraram a Comissão Julgadora


O Norte Fluminense agradece o apoio imprescindível da Comissão Julgadora, que foi integrada por Maria Dolores Pimentel, Edson Lobo e Vera Maria Borges Viana, consagrados membros da Academia Calçadense de Letras, de São José do Calçado (ES), que gentilmente se dispuseram a colaborar com este Concurso. 









A VIDA DE ELCIO XAVIER 




Elcio Xavier nasceu em Bom Jesus do Itabapoana, na Avenida Padre Mello, no dia 03/05/1920, filho de Waldemar Sigismundo Xavier, também bonjesuense, e Elvira Cerqueira Xavier, mineira de Muriaé, e neto de Samuel e Baldina, tradicionais membros da Família Xavier.

                               ELCIO XAVIER em foto de 1936, quando serviu ao Exército

Casado com a professora Gedália, filha de Mário Loureiro, coletor estadual em Bom Jesus do Norte (ES) e de Maria da Conceição Loureiro, constituiu uma bela família com 5 filhos: Regina - psicóloga, Rogério - funcionário da Petrobrás, Raquel - jornalista, Rosete - arquiteta e Rita de Cássia - médica, 12 netos e 6 bisnetos.

Elcio, apesar de viver por longos anos fora de Bom Jesus, jamais a esqueceu e ao falar de sua terra natal se entusiasma, perde-se em rememorar fatos históricos de real importância para a memória de nossa cidade.

Eis alguns dados interessantes nas palavras do Elcio: “Meu bisavô, Carlos de Aquino Xavier, mineiro de Mar de Espanha, se instalou em 1872 na margem esquerda do Rio Itabapoana onde hoje está a cidade de Bom Jesus do Norte (ES) e parte das montanhas que a circundam, formando a Fazenda Jardim. Atualmente seu nome está lembrado em uma modesta rua daquela cidade. Carlos tivera 15 filhos, entre os quais minha avó Baldina, que se casou com seu primo Samuel, meu avô e filho de Júlio de Aquino Xavier.”

                                   Elcio Xavier em foto de 1939, ano de seu casamento




DESCASO DAS AUTORIDADES

Elcio diz que sempre se rebelou contra o descaso das nossas autoridades pela preservação do patrimônio histórico da cidade e cita: “a ponte de madeira sobre o Rio Itabapoana, inaugurada em 1885, que teve parte da mão de obra e todo seu madeirame fornecido por Carlos Xavier. Essa ponte não suportou a maior enchente do rio em 1906. Posteriormente se construiu nova ponte de madeira, que foi abandonada ao longo do tempo, sobretudo a partir da inauguração da ponte de cimento, essa construída pelo engenheiro Heitor Nogueira, irmão de Samuel Xavier, em 1927.” Segundo Elcio, Bom Jesus necessita de duas pontes, o que pode ser concretizado caso as forças políticas dos dois Estados unam esforços.

Elcio se recorda do próspero comércio da rua Buarque de Nazareth, que começava na Ponte de Madeira e seguia até a Praça Governador Portela, despontando como principal a Casa Mansur, assim como do primeiro prédio construído na praça em Bom Jesus, onde está instalado o Big Hotel. “Em 1889 houve animado baile nos salões desse prédio, em comemoração à Proclamação da República.

O GOSTO PELA LITERATURA

O gosto pela literatura ocorreu quando foi servir ao exército, aos 18 anos, no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, despertado por um colega de quartel que o apresentou a alguns escritores como: Adonias, Otávio de Faria, Lúcio Cardoso, etc. Não obstante tenha iniciado cedo na arte de escrever, acabou cessando igualmente cedo suas atividades literárias, uma vez que teve de se dedicar com exclusividade ao trabalho na Cia. Ferro Brasileiro, viajando pelo Brasil.

Delton de Mattos, em artigo em O Norte Fluminense, publicado no dia 04/09/1994, refere-se a Elcio Xavier como “Primoroso poeta, um dos mais puros e refinados que este país já produziu.” Segundo  Delton de Mattos, “se (ELCIO XAVIER) continuasse, teria sido um dos mais festejados da chamada “Geração de 45”, ao lado até com vantagem, de um Geir Campos, Ledo Ivo e João Cabral de Mello Neto, dentre outros”.

O fato é que Elcio Xavier ainda lançou outro livro de poesias, “ROSAQUARIUM”, pela editora da Revista Branca. Três outros livros escritos na década de 45/55 estão inéditos. São eles: “ASAS DA NOITE”, “NO PAÍS DO LODO VERDE”, um livro infantil, e “CRÔNICAS”.

ACADEMIA BONJESUENSE DE LETRAS


Segundo Elcio, "declinei, na época, como fizeram alguns colegas, de integrar entidades literárias, exceto o pequeno grupo da Revista Branca e a nossa ABDL(Academia Bonjesuense de Letras), atendendo bela carta do amigo Athos".

Nas palavras de Elcio Xavier, "esclareço que me distanciei do movimento literário na década de 60, mas mantive as amizades conquistadas, amizades essas que vem se esvaindo ao longo do tempo, pela morte ou pela idade. Devo acrescentar, com grande saudade, do grupo da Revista Branca: E. C. Caldas, Rawet, Fausto Cunha, Alberto da Costa e Silva, Bráulio, entre outros".

ABELHAS E O ENCANTO DA NATUREZA

Prossegue Elcio: "Por uma coincidência fortuita descobri em 1970 a abelha (apis mellifera), por quem me apaixonei e preencheu minha vida por logos anos.No mundo das abelhas, participei da fundação de uma Associação, da qual fui presidente por doze anos; de uma Cooperativa Apícola e de uma Revista, a única no gênero no Brasil, por longo tempo reconhecida internacionalmente. Publiquei uma monografia: “A abelha e o Homem” e fiz parte de um órgão de assessoria do Ministério da Agricultura por vários anos".

Elcio se considera "um ilustre desconhecido em minha terra natal, sobretudo porque dos meus colegas da juventude e dos amigos que aí deixei só me resta o Ayrthon (Ayrthon Borges Seródio), com quem falo rarissimamente. Há nomes que me são familiares, mas sem contato maior, dada minha ausência da cidade, e meu comportamento arredio, fruto de uma timidez hereditária".

Refugiado em uma chácara na Zona Oeste do Rio de Janeiro com seus livros, seus discos e o encanto da natureza, o silêncio, as flores e o gorjeio dos pássaros, Elcio Xavier deixa aos novos escritores uma mensagem: "Leitura, muita leitura de bons livros".








Resultado de imagem para Adonias Filho

 ELCIO XAVIER "PRECISA SER LIDO", DIZ ,MEMBRO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS







A respeito de Elcio Xavier, o membro da Academia Brasileira de Letras, Adonias Filho, que recebeu o título de imortal pelas mãos de Jorge Amado, escreveu o artigo "Poetas em Primavera": 

Simples o ritmo e a linguagem , marinhista e com o olhar submerso em todas as cores, a poesia desse estreante - sem afetação, sem saltos imprevistos, sem paredes turvas - é, antes de tudo, uma afirmação pessoal. Nâo dcompõe em alicerces de cimento, não quer ser um entendido, mas, de imagem a imagem, robustece a arquitetura da poesia de tal modo que impossível se torna duvidar da sua legitimidade. No conjunto, é uma conifssão. Repercutem, em verdade, numa ternura humana cada vez mais ausente, as palavras que traduzem aspectos claros e refletem as manhãs sem violentá-las nas suas dimensões. Fiel ao panorama, incapaz de mutilar os sentidos para 'pensar a poesia', sua emoção criadora por isso mesmo se irradia, como diria Charles De Bos, e exprime o 'qui est proche de notre âme'.

Nos poemas de 'Velas na Bruma', abertos sobre o mar, o poeta Elcio Xavier, que não se impacienta e não se precipita, consegue quase sempre uma intensidade que, inutilmente, procuro nos seus companheiros de geração. A acuidade vibra acima da contemplação, erguendo os quadros numa gradação admirável. Mas o que verdadeiramente constitui na sua grande poesia o território constante, é a integração de si mesmo em um universo que a todos pertence. Esclarece muito, neste particular, o poema 'Auto-retrato'. E essa integração não se desfaz nem quando se realiza o 'Aparecimento de Ege' - o instante em que o tema eterno, a mulher, se incorpora à poesia.

 Este poeta que, insisto,  precisa ser lido no livro marcante que é 'O Véu da Manhã', não se projeta apenas no lirismo simples, na espontaneidade que denuncia em seus poemas como atos inevitáveis. É também um poeta que penetra na análise, sempre simples e humano, mas investiga aquele subsolo que caracteriza a poesia como uma descoberta. Extraordinário sem a menor dúvida, como se revela e se advinha, e se perdoa. No fundo de sua própria natureza, irmanado ao mundo, em seus poemas que do modernismo só utilizam o instrumental formal. Elcio Xavier é um poeta à margem das escolas e dos grupos. Isolado, porém sua personalidade flagrantemente poderosa nesse livro de estreia, é um poeta que exige atenção".







 O VÉU DA MANHÃ "É UM DOS ACONTECIMENTOS LITERÁRIOS DOS ÚLTIMOS ANOS", DIZ CRÍTICO MINEIRO



Lucio Cardoso

O  mineiro Lúcio Cardoso, outro festejado crítico, debruçou-se sobre o livro de Elcio Xavier:


"Tenho em mãos o livro de estreia de um Poeta. Este grande mistério da Poesia, sobre que já se inclinaram tantos sábios e estudiosos, que tantos aproximam do fenômeno místico e que muitas vezes os próprios poetas não compreendem, tão estranho e profundo é ele, este mistério é sem dúvida o sinal de uma predestinação que neste mundo conta como uma das coisas mais altas. e que seria de nós se os poetas não surgissem de vez em quando, com sua incrível capacidade de sofrer por si e pelos outros, que seria do mundo, se do seu caos confuso e atormentado não surgissem intérpretes que lhe emprestassem uma fórmula única e real, magos que fazem brotar com o simples toque da sua varinha um oceano de espessas e maravilhosas ressonâncias?


Não sei como surgem os poetas, mas sei que quase sempre sua primeira manifestação é um grito de afirmação, um brado de presença através da paisagem e do destino, através do sangue e do sofrimento, olhos pela primeira vez abertos, como o primeiro homem ao sair das mãos de Deus.

  
O livro desse novo poeta, que é o Sr. Elcio Xavier, chama-se "O Véu da Manhã" - título que me parece extraordinariamente feliz, por sintetizar toda a força de véus que se descerram ante o ímpeto da descoberta e a aparição da luz. Logo no poema que dá início ao livro, vêmo-lo afrontar a legenda do próprio destino, dizendo:

  
Azul da minha alma como a lagoa viva
canta a música do sol e as folhas novas
banha-te na amplidão de um pensamento
ou no curto espaço do raio desviado.
 
Penetra, azul, no infinito deste céu macio,
aproxima-te da terra bafejada pelos ventos
ou vela a pedra que o frio embalsamou.
Desce ao abismo alegre das águas
e descansa sobre as transparentes algas da fantasia.
 
Cobre teus olhos de aroma ou cálices de flor,
nos teus braços estende as lianas frescas,
no teu corpo sadio desprende o véu da manhã
ah! - e não calces nunca teus pés antes da primeira dor.
 
Mas se te detiveres ante a onda tumultuosa
ou percorreres o deserto do descontentamento,
não voltes nunca um olhar para o passado,
não sintas nunca a vida que findou.
 
Toma o teu roteiro claro e definido,
tua estrela jovem como botão de rosa
e espalha nos lábios um franco sorriso,
no coração a eterna e pura juventude
e caminha assim sem jamais duvidar.
 
Tua estrada é áspera como a da folha agreste,
teus dias enevoados como as horas de agonia,
mas tua sina é mais bela do que a violeta
no desabrochar feliz da manhã de primavera!
 
Nasceste, azul, para festejar a natureza,
para vibrar na paisagem desfalecida,
para vagar ébrio como os perfumes no ar.
 
Tua sina é cantar!
 

Mas o Sr. Elcio Xavier, que possui esta coisa perigosa que é uma grande riqueza verbal, aliada a uma prodigiosa capacidade de inventar imagens, não canta apenas o azul da sua inspiração, mas todas as cores do Universo, desde as verdes colinas, até a pompa rósea e refulgente, bem como as campinas roxas, os céus em fogo, a poeira azul, a chaga escura e o negro sol.

  
Neste mundo tão intensamente colorido, tudo se abre para a natureza e os seus segredos - e este poeta lírico, que tão bem sabe falar do vento e das trevas, consegue uma nota pessoal e estranha, tocada de não sei que ingenuidade, que dá a sua poesia um aspecto inédito entre nós. Algumas vezes, e de longe, lembra o Sr. Augusto Frederico Schmidt: - é que a compreensão da Poesia que o Sr. Elcio Xavier tem, assemelha-se à revelada pelo cantor da "Estrela Solitária". Para ambos, o poeta, destinado a uma missão superior, possui um caráter excepcional e divino.


Não sei qual a experiência que este jovem poeta tem da vida e nem qual o seu exato conhecimento das coisas. Mas julgo que, possivelmente, não ignora ele que o verdadeiro quinhão do poeta neste mundo, qualquer que seja sua maneira de pensar, é o sofrimento. Renegá-lo seria trair o que de mais íntimo e belo existe dentro de si. Renegá-lo seria mutilar uma personalidade que nunca poderia vicejar amplamente noutros terrenos da vida. Gostaria, no momento de fechar este artigo, saudar no poeta que acaba de estrear, um autêntico valor da moderna Poesia Brasileira. É que "O Véu da Manhã" parece-me conter realmente algo destinado a marcar o seu aparecimento como um dos acontecimentos literários dos últimos anos
".




Elcio Xavier no lançamento da 2ª edição de O Véu da Manhã, no ECLB, em 2013


O Norte Fluminense parabeniza Elcio Xavier, desejando-lhe muitos anos de vida!

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