domingo, 18 de junho de 2017

De Trabalhadora Doméstica a Advogada: a luta e a conquista de uma mulher negra



Drª Maria Aparecida de Souza dos Santos

Uma mulher negra, de família humilde, que fez o supletivo à noite enquanto trabalhava durante o dia como doméstica, para obter o 1º grau, após vencer muitas adversidades em sua vida, conseguiu se tornar Advogada.
      O nome dela é Maria Aparecida de Souza dos Santos, nascida em 30/10/70, em Bom Jesus do Itabapoana, filha de Sebastião Lino de Souza (Tatão motorista da empresa OACIL) e de Luzia Vieira de Souza (doméstica), outra mulher guerreira e batalhadora.


Estudar sempre foi seu grande sonho, no entanto a vida de Maria Aparecida, assim como de muitas mulheres negras, não foi nada fácil. Com os incentivos de amigos conseguiu, contudo, concluir o Magistério no antigo Colégio Rio Branco.
Devido à necessidade, prestou, logo depois, Concurso Público para Auxiliar de Serviços Gerais para a Prefeitura de Bom Jesus do Itabapoana e trabalhou lavando o banheiro feminino na Rodoviária da Cidade por mais de 8 (oito) anos.
Neste ínterim, fez o Curso de Normal Superior na FAETEC, e, paralelamente, por um bom tempo, conciliou o emprego de servente pela manhã, estudando a Graduação de Normal Superior à tarde, e Direito na Faculdade de Campos, à noite. 

Quando concluiu a FAETEC, começou a lecionar no MOVA à tarde, estudando Direito à noite. Saía de casa às 7h e só retornava às 23h50, isso quando o ônibus da faculdade que a trazia de Campos não quebrava na estrada.  Até que, em 2006, foi nomeada por aprovação em Concurso para trabalhar na Prefeitura de Campos dos Goytacazes, como professora de Educação Infantil.


Drª Maria Aparecida, entre o companheiro Francisco e a mãe Luzia




        Quando estava no último ano de Faculdade de Direito, passou por sérios problemas de saúde, que a levaram à UTI, em virtude de seu tratamento, incluindo 3 (três) cirurgias. Mesmo assim, não desistiu e ingressou na Universidade Salgado de Oliveira e cursou a Pós Graduação em Tecnologias e Mídias na Educação. 
Apesar das adversidades, recebeu muitos incentivos para se preparar para a prova da Ordem. Ela se recorda que seu pai, após um AVC que o fez perder a voz, cobrou seus estudos com um olhar; sua amiga Calúrcia, Robson e a insistência de seu companheiro Francisco foram fundamentais para sua preparação, e a tão sonhada aprovação aconteceu, sendo realizada a Marcação de Compromisso no último dia 23 de maio de 2017, diante de toda Diretoria da 17ª Subseção da OAB – Bom Jesus do Itabapoana.
Segundo Maria Aparecida, "penso em utilizar este instrumento para defender os interesses dos marginalizados, e promover a conscientização de todos os menos favorecidos. Ao mesmo tempo, mantenho em meu coração o desejo de obter o meu próprio aprimoramento profissional em relação à carreira jurídica".
E finaliza: "estou feliz e muito grata, esperando em Deus iniciar esta jornada com afinco, por saber que nada é impossível para aqueles que buscam seus objetivos com honestidade, zelo e muita dedicação".

Drª Maria Aparecida e família
                                                     








































































































































































































































































































































































































































































Nenhum comentário:

Postar um comentário