FUGITIVO
Por: Pettersen Filho
Fuja mil mundos
Esconda-se em cada beco escuro
Atrás da pouca luz...
Embrenhe-se até o fundo
Do matagal
Cruze fronteiras e metrópoles
Viaje constelações perdidas
Que ainda assim não conseguirá
Fugir de mim.
Passe o resto dos seus dias
Ouvindo aviões no aeroporto
Toque alto buzinas
Encare fundo os faróis do porto
Nade inteiro o oceano
Misture-se na fila da previdência
Na multidão...
Que ainda assim
Não me escapará
Frequente bares e aguardente
Prove o sabor infinito de zonas e pistolas
Decifre álgebra e logaritmos
Tire fotos coloridas
Para a primeira página do jornal
Dê esmola a todos os mendigos
Nas escadarias da catedral...
Que ainda assim
Não me fugirá
Compre pirulitos e geleia
Para todos os meninos da favela
Saia louco pelas ruas
Distribuindo dinheiro
Gaste todo o tempo que lhe resta
Jogando baralho...
Que ainda assim serei
O vazio dos ermos
A grande culpa que carrega...
Por nada!
(Extraído do poema “Fugitivo” da Obra “Inconfidente Mineiro – Ilustrações & Poesias” de Antuérpio Pettersen Filho – Publicação Independente – 2002).
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