quarta-feira, 30 de março de 2022

"Bom Jesus: Capital do Piano", um projeto do pianista Luis Otávio de Azevedo Barreto

 

Luis Otávio de Azevedo Barreto: um gênio do piano em Bom Jesus do Itabapoana

O Norte Fluminense realizou entrevista histórica com um dos grandes pianistas do Brasil, Luis Otávio de Azevedo Barreto. Ele possui uma trajetória brilhante: frequentou cursos com diversos professores particulares, além de vários cursos de especialização. Participou de semanas internacionais de masterclasses, de workshops e de cursos de verão da Escola de Música de Brasília. Na Escola de Música Cristo Rei, de dona Marise Xavier, em Bom Jesus, sua trajetória musical se consolidou. Agraciado recentemente pela Lei Aldir Blanc, foi contemplado também por um outro edital: "Cultura nas Redes 2", com o projeto " Um piano pelos caminhos do Rio", que falará do piano e de sua viagem a até 400 km do mar, no estado do Rio de Janeiro. Luis Otavio é um gênio sonhador com os pés no chão, e tem desenvolvido outros  importantes projetos, durante a sua trajetória musical. O mais recente é "Bom Jesus, capital do piano". Segue a entrevista histórica.

1. Qual seu nome completo, data e local de nascimento?

R: Luis Otavio de Azevedo Barreto, 30/10/1988, Itaperuna, RJ. 

2. Nomes dos pais, avós e, se lembrar, dos bisavós. De onde eles vieram?

R: Oséas e Marcela Barreto, minha família paterna é do Rio, enquanto que a materna tem suas origens em Carabuçu. Meus avós paternos foram Antônio Barreto, dos Barreto de Macaé e Zenir Dias de Oliveira, e os maternos foram Ruy Soares, já falecido, e Leda de Azevedo. Meus bisavós maternos foram José Pereira de Azevedo e Jandyra Pereira de Oliveira, os paternos não conheci. Neste aspecto, tive muita sorte! Convivi com todos e pude aprender e viver coisas incríveis! Com especial destaque para a genialidade de vovó Jandyra, uma mulher muitíssimo culta e dona de uma coleção de saberes práticos e artísticos que lhe punha a frente de seu tempo. 

3. Quantos irmãos?

R: Um, mais novo dois anos: Carlos Eduardo Barreto. 

4. Estudou em que educandários?

R: Colégio Batista; Instituto Eber Teixeira de Figueiredo e Colégio Técnico Agrícola Ildefonso Bastos Borges. 

5. Quando surgiu a percepção de sua vocação para o piano?

R: Isso é bastante curioso, porque ela surgiu de repente. Quer dizer, não houve um esforço terceiro, veio de mim e por mim. Na casa dos tios Ana Maria e Francisco Major havia um piano. Eu olhava aquilo e achava o máximo. Era a figura do instrumento, como um elemento místico. Na Primeira Igreja Batista também. A Eloisa Godoy acompanhava os cantos da congregação, os coros e eu ficava admirado com a cena, com o som... na mesma época meu pai comprou um teclado eletrônico e eu comecei a tocar (tocar é ótimo! Risos). Ele viu que ia dar em alguma coisa e logo me matriculou no curso de música.


6. Há quantos anos você se dedica ao piano?

R: Há quase 30, contando desde o princípio. Agora, esse ano faz 22 desde a minha primeira experiência tocando em público.  

7. Como foi sua vinda a Bom Jesus do Itabapoana?

R: Muita gente pensa que vim de fora. Acho isso gozado! Eu já viajei bastante e morei fora durante um tempo, mas sou daqui desde pequeno! Acho que isso também se deve ao fato de não ser membro de nenhuma das famílias tradicionais da cidade, de meus pais terem vindo de fora...minha avó se mudou quando minha mãe e minha tia eram ainda pequenas, voltaram depois de adultas. 

8. Como foi sua experiência no apoio à Escola de Música Cristo Rei, de Dona Marise Xavier?

R: Ah...dona Marise é minha alfabetizadora musical! Tudo começou ali naquela escola! Os pianos eram disputados! Tinha uma gente muito boa! As audições de fim de ano eram concorridas e temidas, pelos iniciantes. Era uma festa! Depois, passei a ajudá-la com a organização de algumas audições, inclusive no Espaço Cultural Luciano Bastos, já com o piano Schumann. Da XV de Novembro, esquina com Padre Mello, saíram grandes músicos.  

9. Você participou de quantos grupos musicais? 

R: Eu não sei precisar, porque já toquei, de maneira regular, para alguns coros, grupos vocais, bandas, mas há alguns que marcaram a história: 3piano, que acho ter sido um dos melhores que já toquei. Aquilo foi um negócio da ordem do extraordinário. Também teve a Gatilho do Tempo, participei durante uns meses como pianista/tecladista, fizemos coisas lindas! E tem os corais das igrejas por onde toquei; experiência de uma riqueza gigantesca! Por último, toco num trio de jazz, com Allex Petrilo e Arthur Pains, muito trabalho e muita diversão! 

3Piano: momento importante na trajetória de Luis Otavio

10. Quais os locais onde exerceu atividade profissional?

R: Dei aulas de música em algumas escolas do município; Cel. Olívio Bastos, Mariquinha Batista, Cel. Luiz Tito de Almeida, Cel. Luiz Vieira. Também no Cecam, em Itaperuna; piano, canto coral, percepção e linguagem. Além de casamentos, cultos, missas e, até, missas de defunto! No Rio, houve uma época, em que eu tocava todos esses serviços, a gente recebia de acordo com a ocasião, com a igreja contratante, com a família...

11. Quantos projetos culturais envolvendo o piano você realizou?

R: Não sei dizer ao certo, mas muitos! Desde concertos solo, duo, trio, grupo, coros...também fotografia, escrita de artigo...há um em produção: “Um Piano pelos Caminhos do Rio”, que foi contemplado pelo projeto “Cultura nas Redes 2”, da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro. É muita coisa! 

12. Qual é a importância do poder público municipal na realização de seus projetos?

R: Eu não sei dizer isso. Até então tenho contado com a iniciativa privada! Há uma dificuldade na liberação de recursos. Só muito recentemente é que tive algum suporte, através da Lei Aldir Blanc. Mas, a despeito disso, é fundamental! Porque há uma série de coisas que não dependem só do artista ou de quem está produzindo e, ultimamente, tenho gostado mais de produzir! Conseguimos os patrocínios aos trancos e barrancos, mas, quase sempre, aliás, sempre, a gente acaba tirando do próprio bolso! Não quero ficar chorando pitangas (risos) mas é bom esclarecer que todo apoio financeiro do município não é só bem-vindo, mas, também, fundamental! Bom Jesus tem um potencial artístico incrível! Falta ser valorizado! 

13. Como é o seu projeto  "Bom Jesus, capital do piano"?

R: Alguém dirá: - É um maluco! (Risos) Que seja! Mas a coisa está acontecendo, tranquilamente, plácida como as águas do Itabapoana no mês de julho. Temos muitos pianos nessa cidade! Muitas casas com instrumentos! E tantos outros estão chegando! Só eu trouxe, desde 2019, 7 pianos! Sem contar outros que soube que chegaram pelas mãos de outras pessoas! Ora, isto num período de pandemia, sinceramente, acho um feito considerável! Não são violões, teclados ou flautas, são pianos! E não são para igrejas ou escolas de música! Já são, pelas minhas mãos, mais 7 casas com um piano em cada! Esses dias, em conversa com Hênio Marcos, meu amigo e afinador de pianos, falamos sobre isso. Tenho ido ao Rio trazer os pianos de lá para cá! Só na minha casa há dois, fora dessa conta daí! Temos boas escolas, soube que o Thadeu está com alunos promissores, na Musicart! Já temos pianos em locais abertos ao público! E jajá colocarei mais!!! Me aguardem! 

14. Considerações finais.

R: Meu maior desejo é que as pessoas sejam felizes, se sintam bem, inspiradas, que brilhem! Sei que o piano é capaz de luzir vidas, inspirar movimentos de vida, de promover novos saberes e de melhorar o homem! A música de piano é maravilhosa! O instrumento é fantástico e me importa tirá-lo de um lugar inacessível e colocá-lo disponível para quem quiser, quando quiser, como puder! Quero mostrar que o piano é possível, que ele é democrático, que ele está aí para tudo e todos! Bom Jesus tem todos os requisitos para isso.

Luis Otávio de Azevedo Barreto:  pianista realizador de seus sonhos


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