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Renée Ferraiolo Silveira foi indicada para o Prêmio Inês Etienne Romeu |
A Associação dos Amigos do Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira indicou o nome de Renée Ferraiolo Silveira, esposa do ex-governador Badger Silveira, para o Prêmio Inês Etienne Romeu, instituído pela prefeitura de Niterói. Junto com a indicação restou apresentado texto de Gabriel Rocha.
Trata-se da IV Edição que eterniza a historiadora Inês Etienne Romeu, falecida em 27 de abril de 2015, aos 72 anos. Ela foi a única pessoa a ser libertada da chamada Casa da Morte, um centro clandestino de tortura utilizado no regime militar, e localizado em Petrópolis (RJ). Etienne viveu em Niterói nos seus últimos anos e adorava a cidade.
A premiação condecora dez personalidades femininas indicadas por instituições governamentais ou não, cujos currículos serão analisados por banca. O prêmio é um reconhecimento público para quem atua ou atuou de forma relevante na defesa dos direitos das mulheres. A premiação será realizada no dia 9 de março, às 17h, na Sala Nelson Pereira dos Santos.
RENÉE FERRAIOLO SILVEIRA
Por Gabriel Rocha
Tabeliã, mãe de oito crianças, uma mulher independente e à frente de seu tempo, viu seu marido ser injustamente retirado do seu gabinete, no Palácio do Ingá, em 2 de abril de 1964, por militares armados nos primeiros momentos da Ditadura Cívico Empresarial Militar daquele ano.
Ao perceber que fuzileiros armados com metralhadoras insistiam em isolar seu marido, Renée afirmou que não aceitaria ser separado do então governador eleito do Rio de Janeiro, Badger Silveira, com quem permaneceu casada até o fim da vida.
Seu gesto de insurgência é fato histórico registrado na tese TRABALHISMO FLUMINENSE: O GOVERNO E O IMPEACHMENT DE BADGER SILVEIRA (1963-1964), defendida por Andressa Cristina da Miranda do Carmo do Instituto de História da Universidade Federal Fluminense em 2019.
A premiação Inês Etienne Romeu será importante reconhecimento do protagonismo de uma mulher até então retratada apenas como ex-Primeira Dama, ou esposa de um homem importante para a história Fluminense.
A forte reação de Renée Ferraiolo Silveira pode ser inspiradora para que as novas gerações se espelhem nas atitudes das pessoas que ajudaram a moldar nossa comunidade. É válido reconhecer o papel dessa mulher em um momento que exigiu grande coragem para reagir contra um monstro que levou mais de duas décadas para ser desmontado e devolver finalmente o Brasil para os trilhos da democracia.
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No dia 10 de agosto de 2014, foi lançada, no Sítio Rio Preto, a Pedra Fundamental do Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira, com a presença dos filhos de Badger Silveira: Ana Maria, Maria Cristina e Badger Filho, além de Wilma Martins Teixeira Coutinho, que atuou nos governos de Roberto e Badger Silveira, e Liara Willian, que trabalhou com Badger Silveira
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André Luiz de Oliveira é o 2º vice-presidente da Associação dos Amigos do Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira |
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O dia 7 de junho de 2014 é data histórica em que se deliberou pela fundação da Associação dos Amigos do Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira. A reunião ocorreu no antigo Sítio Rio Preto. Participaram da reunião Gino Martins Borges Bastos, Edesio Machado de Souza, André Luiz de Oliveira, atual segundo vice-presidente, Edimo Saluto Rezende, Alessandro Santos Nunes, Cintia Oliveira Nunes, atual Diretora do Memorial, José Alves Moreira, Eraldo Saluto de Rezende, atual vice-presidente, Gizelia Ferreira Ribeiro Tenório e Georgina de Oliveira Santos, atual presidente
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O Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira foi inaugurado no dia 7 de agosto de 2016 |
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RENÉE FERRAIOLO SILVEIRA, um coração onde couberam todos”, por Ana Maria Silveira
Nasceu Renée Braile Ferraiolo, em Resende-RJ, em 02 de dezembro de 1917. Seus pais, José Ferraiolo e Deolinda Braile Ferraiolo eram filhos de imigrantes italianos, que vieram para trabalhar nas lavouras de café. Acabaram todos migrando para o centro da cidade por não se adaptarem ao regime de semi escravatura e por terem, na grande maioria, suas profissões.
Renée foi muito bem-vinda ao mundo. Seus primos, primas, todos os familiares, falavam da sua Renéesinha com muito encantamento: “Era a criança mais querida, mais alegre, risonha e linda, a mais amorosa de todas!”. Talvez, por ter sido a caçula da sua geração, era mimada por todos.
Diziam que quando ela foi para o Rio de Janeiro estudar deixou um imenso vazio. Ficou sob o regime de internato no Colégio Sacré Coeur de Marie, onde teve sua formação fundamental. Nesse período consolidou muitas amizades, que a acompanharam por toda a sua vida.
Sua marca era a generosidade.
Dotada de uma capacidade incomum para acolher a todos, não discriminava ninguém. Possuía um forte senso de dever e um espírito independente herdados dos avós anarquistas.
Logo deixou o colégio e retornou a Resende, foi ser auxiliar da sua tia Chiquinha, num consultório odontológico. Em seguida trabalhou no cartório do seu pai por longos anos e o substituiu como tabeliã. Nessa ocasião conheceu seu futuro marido, Badger Silveira, o novo delegado, encontro esse num momento de agitação na cidade.
Renée estava passeando por Campos Elíseos quando percebeu um grande aglomerado de pessoas em frente à loja de tecidos de um casal de poloneses recém chegados à cidade, que nem falavam ainda o nosso idioma. As pessoas, iradas com as notícias do afundamento do navio brasileiro pelos alemães, os confundiram, e resolveram depredar o imóvel do casal.
Indignada com a gratuita violência, a jovem Renée se pôs de braços abertos à frente de todos impedindo a selvageria e pediu para que um menino que por ali passava, fosse chamar o novo delegado, por todos ainda desconhecido. Quando Badger chegou, apresentou-se como tal. Pediu tranquilidade aos presentes num falar tão comovente que foi inesquecível para Renée.
Badger ficou impressionado com a coragem daquela jovem, enfrentando, sozinha, furiosos desconhecidos. Mais impressionado ainda ficou com a sua beleza. Dizia que nunca havia visto moça tão bonita e que se apaixonou perdidamente por ela desde então.
Casaram-se e iniciaram a vida em Resende. Pouco tempo depois, Roberto já estava em franca ascensão política. Decidiram ir para Niterói, pois poderiam acompanhar mais de perto os acontecimentos.
Toda a política dos Silveira passou a ser feita à Rua Lopes Trovão, 89. Renée sentia-se totalmente à vontade com toda aquela movimentação, pela qual já estava acostumada, pois seu pai, José Ferraiolo, havia sido prefeito de Resende durante 15 anos, acompanhando a presidência de Getúlio Vargas.
Lá, constantemente, se reuniam Boanerges e os filhos. Não havia decisão partidária ou político-pessoal que os quatro não repassassem juntos, para chegarem à melhor solução. Às vezes entravam pela madrugada. Quando não chegavam a um consenso era comum o Roberto ou o Zequinha a chamarem, confiando na sua capacidade prática para resolver problemas: “Comadrinha, você que tem experiência política, o que acha disso?”
Ou: “Renesinha, você que sabe tudo, qual a melhor solução?”
Os filhos chegaram. Oito, no total. Mas outros foram sendo acolhidos, e outros chegando e ficando, como a nossa Cecinha - Conceição de Maria Gama Pereira, o segundo anjo que Deus colocou na sua existência, a melhor filha que Renée teve.
O primeiro anjo foi Idalina, ama-de-leite de Badger, nascida na fazenda São Tomé, em Bom Jesus do Itabapoana. Era a nossa amada Vó Preta, como fazia questão de ser chamada. Seu estar atenta a tudo permitia a Renée acompanhar Badger em todos os eventos.
A eleição de Badger para governador reavivou em todos a enorme esperança de realizar, no Estado, as obras que Roberto não pôde terminar.
Renée, inesperadamente primeira-dama, montou uma pequena e eficiente equipe que conseguiu, em pouco tempo, atender a todos os municípios com obras sociais, eventos culturais, capacitação humana, como estimular as escolas agrícolas, e laser.
Um dos eventos que mais a animou foi participar da Feira da Providência a convite de D. Hélder Câmara, com a barraca do Estado do Rio de Janeiro. Seu esforço foi compensado, tendo sido uma das mais visitadas e, principalmente, por termos nos deliciado com a presença ímpar do amado D. Hélder, na ocasião do evento.
Muitos anos após a deposição de Badger pelo golpe militar, Renée ainda recebia visitas frequentes de funcionários do Palácio do Ingá. Levavam-lhe junto com flores e doces, afetuosos abraços e muitos jamais se esqueceram de cumprimentá-la pelos seus aniversários, natais ou viradas de ano.
Badger e Renée eram muito animados, estavam sempre juntos. Adoravam dançar, cantar, ir ao teatro, cinema ou comemorar qualquer coisa, com ou sem motivo. Suas festas juninas no sítio ficaram famosas, pois viraram casamenteiras. Os amigos muito os admiravam pela afinidade, parceria e afetuosa cumplicidade.
Badger dizia que Renée, pela sua coragem, o impediu de ser sequestrado num episódio durante o golpe militar. Ela o segurou enquanto era levado preso por um grupo sinistro da Marinha, provavelmente do CENIMAR. Gritou para seu irmão Roberto Ferraiolo para que avisasse o outro irmão, José Ferraiolo Filho, comandante. José comunicou-se com o então Ministro da Marinha, o almirante Augusto Rademaker que imediatamente enviou sua própria lancha que os recolheu e conduziu em segurança para o Ministério da Marinha.
Estava sempre pronta para defender seus semelhantes contra quaisquer injustiças. Católica devotadíssima.
Assim como Badger, foi uma filha, neta, irmã, esposa, mãe, avó, tia, prima, cunhada, nora, sogra, patroa e amiga maravilhosa. Igualmente destemida e desprendida dos bens materiais.
O genro Wagner Rocha bem a definiu no impresso do seu falecimento, em nove de novembro de 2005:
“Renée Ferraiolo Silveira, um coração onde couberam todos.”
21 de abril de 2016
Ana Maria Silveira é filha de Renée Ferraiolo Silveira e do ex-governador Badger Silveira
NOTA DO JORNAL O NORTE FLUMINENSE sobre os filhos de Renée e Badger, todos naturais de Resende(RJ), com datas de nascimento:
José Roberto Ferraiolo Silveira
Ana Maria Ferraiolo da Silveira
Maria Luíza Ferraiolo Silveira
José Luiz Ferraiolo Silveira
Maria Cristina Silveira da Rocha
Badger Teixeira da Silveira Filho
José Fernando Ferraiolo Silveira
Maria Teresa Ferraiolo Silveira
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Datas de nascimentos:
José Roberto Ferraiolo Silveira : 05 de Janeiro de 1948
Ana Maria Ferraiolo da Silveira: 15 de Janeiro de 1949
Maria Luíza Ferraiolo, 02 de Outubro de 1950
José Luiz Ferraiolo Silveira (gêmeos): 02 de Outubro de 1950
Maria Cristina Silveira da Rocha: 23 de Maio de 1952
Badger Teixeira da Silveira Filho: 09 de Junho de 1956
José Fernando Ferraiolo Silveira: 08 de Janeiro de 1961
Maria Teresa Ferraiolo Silveira: 29 de Dezembro de 1961
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José Roberto Ferraiolo Silveira, topógrafo, e Glicélia do Carmo Rodrigues. Filhos: Natália Poliana Rodrigues da Silva, mãe de Angelina Renée; Natasha Christina Rodrigues Silveira, estudante de Arquitetura; Arthur Felippe Rodrigues Silveira, vestibulando.
Ana Maria Ferraiolo da Silveira e José Jeremias de Oliveira Filho, professor da USP-Universidade de São Paulo. Filhos: Fabio Silveira de Oliveira, CGU- Controladoria Geral da União e Franciele Fernanda Borges de Oliveira (nora), administradora, e Aline Silveira de Oliveira, advogada pós-graduada em Direito Constitucional, mãe de Giuliana.
José Luiz Ferraiolo Silveira, artesão.
Maria Cristina Silveira da Rocha, formação: turismóloga, do lar, casada com Wagner Neves Rocha, nascido em Niterói aos 26 de junho de 1939, formação antropólogo, professor da UFF aposentado. Pais de Gabriel Silveira da Rocha, nascido em Niterói aos 4 de janeiro de 1975, formação advogado, casado com Sabrina Antunes da Rocha.
Badger Silveira Filho, servidor público aposentado
José Fernando Ferraiolo Silveira, agrônomo.
Maria Luíza e
Maria Teresa Ferraiolo Silveira, falecida.
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TROVA DE BADGER PARA RENÉE
"Eu nas contas sou um bamba,
Faço tudo, arrumo bomba,
Tendo a Renée ao meu lado!
Do contrário eu me aperto
Erro tudo, nada acerto,
Fico todo encabulado..."
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Carta de RENÉE FERRAIOLO SILVEIRA
ao DR. LUCIANO AUGUSTO BASTOS,
diretor do Colégio Rio Branco, Bom Jesus do Itabapoana, no dia 7 de agosto de 2000
"Prezado Senhor,
Honrados pela homenagem e orgulhosos pelo fato de nosso inesquecível esposo e pai, Badger Teixeira da Silveira, ser tão carinhosamente lembrado por seus concidadãos, eu e meus filhos lamentamos a impossibilidade de comparecer à solenidade por razões de saúde e compromissos anteriormente assumidos. No entanto, agradecemos seu amável convite e esteja certo de que, em espírito, estaremos irmanados nesta festa exemplar em que bonjesuenses históricos servirão de modelo para as gerações futuras."
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