Euzechias Tito de Almeida, nasce aos 21 de janeiro de 1915, nas proximidades de Rosal, Fazenda do Monte Azul.
É o primogênito de Durval e Engrácia.
Seu avô, pelo lado paterno é o agricultor e músico Luiz Tito de Almeida (Seu Lulu).
A infância é no campo, na lavoura. Ainda bem criança é órfão de mãe.
Em 1922, aos 7 anos irá testemunhar um fato que marcará a sua vida e a de todos nós: Seu Lulu Almeida, juntamente com Sebastião Magalhães, da vizinha Barra do Pirapetinga, e alguns integrantes da Banda do Chico Gomes de Varre-Sai, decidem criar uma banda aqui em Rosal. Nascia, então, a Lira 14 de Julho.
Tuca torna-se aluno de seu avô e daqueles músicos da nascente banda. Tem especial afeição pelo professor Tatão Magalhães e predileção pelo trombone, mas lhe é determinado estudar a clarineta e ele obedece. Sábia obediência! O futuro irá mostrar.
A banda vai crescendo, tornando-se atuante no dia a dia da pequena vila, então, chamada Arrozal de Sant’Ana. Faz-se presente nas quermesses, nos jogos do campo de futebol, nas festas de bodas...
Enfim, meio que involuntariamente, vai tornando conhecido em toda a região o nome daquele povoado.
É voz corrente daquela época: “dizem que lá em Sant’Ana tem uma banda de música muito boa”.
E lá estava o Tuca! Crescendo em idade e já se destacando como músico. Um músico extremamente disciplinado e afeito à partitura e ao seu instrumento.
Bom, mas não é só pela música que ele se interessa: gostava também do palco! Das artes cênicas. Integrava o grupo de teatro amador local, chamado SOS.
Sim, meus amigos, aqui em Rosal, naqueles idos já se fazia teatro. E o jovem Tuca foi o protagonista de uma peça que ficou famosa à época: chamava-se “O Amigo da Paz”.
Olhem, como se caminha na linha do tempo: estamos no final dos anos 30, às vésperas da Segunda Guerra Mundial e Tuca vem interpretar aquele personagem que clamava pela paz, muito significativo, não é?
Mas voltemos à Música! Em 1942, o maestro Lulu Almeida vem a falecer e Tuca, 1º clarinetista, é escolhido para ser o regente da banda, ainda muito moço, aos 27 anos. E será maestro do próprio pai, seu Durval, exímio contrabaixista.
Naquele mesmo ano, também, casa-se com a jovem Ana, Anita, filha do Capitão Anselmo Nunes. E é Tuca, também, quem iniciará na música e irá reger três dos seus irmãos mais novos: Dário (Dadá), Dirceu (Didi) e o caçula Danton (Pipita).
É a saudade falando mais alto agora, não é?
A vida segue, os filhos vêm e a vila cresce. De Arrozal torna-se Rosal, quem sabe pela beleza de seus roseirais!
E lá está a banda, sob a batuta do Tuca! Alegrando o cotidiano do povo simples, mas gente altaneira! Gente que, com o passar do tempo, vai se tornado cada vez mais bairrista, mas nunca provinciana, porque aqui a arte sempre falou mais alto. E foram 50 anos à frente da Lira 14 de Julho. Ele compôs dobrados, musicou poemas, acompanhou o coro da Igreja de Sant’Ana durante décadas sempre com a sua inseparável clarineta, de sonoridade inconfundível.
Gerações de músicos passaram pelas suas mãos. E, diga-se: Tuca nunca pôde frequentar conservatório ou faculdade de música, portanto, não tinha formação acadêmica, apenas reteve e aprimorou tudo o que lhe foi transmitido! E era dotado de uma extraordinária percepção musical e de uma invejável paciência. Paciência quase que contemplativa. Se pudéssemos descrevê-lo com uma frase, acho que diríamos: “Ele amou a música.”
Amigos, falar do maestro Tuca é falar da história de Rosal ao longo de quase todo o século passado. São inseparáveis.
Hoje, nós queremos lembrá-lo no seu centenário e queremos deixar gravado para a posteridade todo o nosso reconhecimento e também a nossa saudade.
Que a história do Maestro Tuca seja fonte de inspiração e sirva de estímulo para todos os que mantém e haverão de manter vivas a 14 de Julho, a música, a arte em Rosal.
Porque a arte, como dizia Leonardo da Vinci “diz aquilo que não é dito, exprime o inexprimível, traduz o intraduzível”.
Viva Rosal e a Sua Música!
Viva o Tuca no seu centenário!!!
Lira 14 de Julho homenageou o Maestro Tuca por ocasião do 5º Festival de Chorinho e Sanfona |
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ResponderExcluirO melhor avô que alguém poderia sonhar e ter. Muitas saudades de você, sua clarineta, os beijos na careca e um orgulho gigante de ser sua neta. A homenagem foi linda demais! E muito emocionante. Obrigada, Anderson pelo belo texto e muito sucesso à 14 de julho, uma das razões da vida do meu Vô.
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ResponderExcluirSenhores Diretores do jornal bonjesuense "O Norte Fluminense":
Chegou-me, há alguns dias, via Facebook, a postagem de uma publicação feita por esse jornal, sobre o meu pai - Euzechias Tito de Almeida, o Maestro Tuca. Não me surpreendeu, uma vez ter sido ele amigo do fundador e proprietário, Sr. Ésio Bastos, como também do Dr. Luciano, com quem teve um laço forte de amizade e parceria, na Lira 14 de Julho; e ainda, por ter tido ocasião de experimentar inúmeras vezes, a atenção desse jornal aos nossos acontecimentos familiares.
Cumpre-me, todavia, apresentar aos atuais diretores e editores, os nossos mais sinceros agradecimentos por mais essa deferência para com o Maestro Tuca, publicando a homenagem a ele dirigida, por ocasião do seu centenário. Muito obrigada! Eu e meus irmãos sentimo-nos felizes e emocionados! Por certo, de onde está, o Maestro Tuca agradeceu!
Desejamos, pois, que "O Norte Fluminense" continue a levar com empenho e muito sucesso, o seu mister de informar com fidelidade e clareza, as notícias e a história desse nosso tão querido Município e Municípios vizinhos. Reafirmamos o nosso sincero agradecimento.
Maria da Penha Almeida de Matos Moura - Italva - RJ
Maria de Fatima Da Silva19 de setembro de 2015 04:34
ResponderExcluirFoi um momento de muita emoção, só quem viu sabe o que estou falando! Uma homenagem MERECIDA! Parabéns!!!!!!!
Não havia neste mundo ninguém tão amoroso quanto o tio Tuca! Além disso era dono de uma simpatia inigualável, carinhoso e cheio de amor pra dar. Faz parte de minha história nessa Rosal de flor. Axé tio Tuca
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