Lódia Monteiro |
Desembargador Antônio Izaias da Costa Abreu
Há pessoas que vêm ao mundo
destinadas a servir ao próximo em todas as circunstâncias, na alegria e na dor,
no nascimento e na morte. Assim era a Lódia.
Guerreira, foi pai e mãe de suas duas
filhas, Maria e Madalena, sem nunca ter dependido da presença do genitor para
criá-las com dignidade e jamais revelou o nome dele.
Parteira experiente, trouxe à vida
centenas de crianças por suas mãos. Juntamente com os farmacêuticos José
Rezende e Antonio Miranda, dispensava aos enfermos todos os cuidados
necessários à recuperação, preocupando-se com a alimentação e o bem estar geral
sem postular qualquer remuneração.
Não contando a vila com água tratada,
a população valia-se de poços artesianos para obtenção do precioso líquido que,
entretanto, não era indicado para ingestão, não sendo possível sua utilização
para beber e cozinhar. Sendo assim, coube à Lódia o abastecimento de grande
parte das residências com água potável de uma mina distante mais de 2
quilômetros. Essa senhora de garra só descansava pouco mais de 2/4 de hora para,
depois, se deslocar até o “ponto do jogo do bicho”, para fazer a sua “fezinha”.
Ao relembrar a vila onde eu nasci e
vivi grande parte da minha juventude, e recordar dos amigos, impossível não
lembrar de Lódia, criatura e meiga e discreta.
Na última vez que estive em Bom
Jesus, estranhei a ausência da Lódia, pois, ao se inteirar da minha presença na
cidade, logo procurava vir ao meu encontro, com o propósito de visitar-me. Foi,
então, que soube do seu falecimento. A princípio, a notícia causou-me grande
abalo, mas, revendo todo o bem ao próximo que Lódia praticou durante a vida,
tenho a certeza de ser ela ser credora da paz celestial.
Destarte, pelo muito que fez em vida,
deveria a Câmara Municipal de Bom Jesus do Itabapoana denominar a capela
mortuária da Vila do 4º Distrito com o nome de Lódia Monteiro, como justa e
meritória homenagem, o que, certamente, será do agrado de toda comunidade
carabucense.
O Desembargador Antônio Izaias da Costa Abreu é membro da Comissão de Preservação da Memória Judiciária do Museu da Justiça do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro
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