Celso Loureiro Pereira |
A saudade de Celso Loureiro Pereira teve início hoje.
Colaborador do jornal O Norte Fluminense, nasceu no dia 22 de julho de 1922, no distrito de Ponte do Itabapoana, município e comarca de São Pedro do Itabapoana (ES), hoje comarca de Mimoso do Sul.
Seus pais foram Mário Loureiro Pereira, coletor estadual nascido em Guarapari (ES), e Maria da Conceição Loureiro,Vó Mizinha, de Barra do Itabapoana.
Passou a infância em Ponte do Itabapoana. Após a Revolução de 30, seu pai foi transferido para a então vila Bom Jesus do Norte, pertencente à comarca de São José do Calçado (ES), e aí Celso conclui o curso primário.
Em seguida, seu pai matricularia Celso e seu irmão Onaldo no Colégio Bittencourt, em Campos dos Goytacazes (RJ), onde cursa até a 4°. série do ginasial, transferindo-o em seguida para o Colégio Rio Branco, em Bom Jesus do Itabapoana (RJ), onde se formou Bacharel em Ciências e Letras.
Em 1940, foi agente recenseador. Ingressou por concurso público no Banco do Brasil S.A. na cidade de Caratinga - MG, em 16 de julho de 1943. Em 25 de dezembro desse mesmo ano celebra noivado com a professora Sylvia Fragoso de Oliveira, hoje Sylvia de Oliveira Loureiro.
Transferido para o Rio de Janeiro, casa-se em 24 de janeiro de 1946. Transferido de volta para Bom Jesus do Itabapoana, aí fixa residência e nascem os filhos: Celma, Eliane, Celso, Ricardo e Sylvia.
No Banco do Brasil, trabalhou como contador, administrador gerente e inspetor. Com a criação do Banco Central do Brasil, a convite do presidente Dr. Ernane Galvêas, assume o comando da delegacia federal do banco em Belo Horizonte, tendo sob sua jurisdição Minas Gerais, Goiás e Espírito Santo.
Em 1980, a convite do então Ministro Amaury Stábile, assume a Diretoria e depois a Delegacia Federal do Ministério da Agricultura em Belo Horizonte.
Exerceu a Presidência do Banco Nacional de Crédito Cooperativo - BNCC, em Brasilia-DF, nomeado pelo então Presidente da República João Baptista Figueiredo. Advogado pela Faculdade Milton Campos, ainda atuou como autônomo em processos diversos. Aposentado, dedicou-se ao outro e melhor lado da moeda: a sua família.
Na juventude de seus quase 94 anos de idade, Celso publicou o livro "O Outro Lado da Moeda", recheado de casos e reminiscências, que passou a vida contando à mesa de refeições da família. Trata-se de uma celebração do espírito jovem e realizador do autor, num tempo muito especial de sua vida.
Segundo sua esposa Sylvia de Oliveira Loureiro, " ...temos em nosso jardim duas mangueiras plantadas por meu pai há trinta e seis anos. Cresceram juntas, criaram raízes profundas e ergueram os troncos para o alto até suas folhagens lá em cima se confundirem e se tornarem uma só. São elas o nosso símbolo: meu e de Celso. E rogamos a Deus que proteja nossos transfigurados para que não se desviem nunca dessa linha reta para o alto, traçada por essas duas árvores... Eu sempre roguei a Deus para que nossas crianças sejam sempre: fortes e sadias de corpo, inteligentes de espírito, nobres de caráter e sobretudo puras de coração..."
Celso Loureiro foi o que poderíamos nominar de testemunho mais eloquente do valor sagrado da família. Ele nos deixa, com seu exemplo de vida, esse grande legado, além de uma imensa saudade...
O Norte Fluminense manifesta à família os mais profundos sentimentos. Que Deus conforte a todos!
Celso Loureiro Pereira
Todos cantam a sua terra, também vou cantar a minha. Nasci em Ponte do Itabapoana, vila pertencente, na época, ao Município São Pedro de Itabapoana, hoje pertencente ao Município de Mimoso do Sul, Estado do Espírito Santo.
A vila era muito animada, povo alegre e brincalhão. Dançava" jongo em plena praça da estação, ouvindo os repentistas em suas toadas e trocadilhos, presenciando a passagem do (trem) Noturno, que vinha de Vitória para o Rio de Janeiro, com seus vagões iluminados, lotados de passageiros alinhados, de alto nível, autoridades, artistas e demais pessoas importantes. É assim que me recordo dos momentos de satisfação que o povo sabia apreciar e se comunicar, na Estação da Leopoldina Railway. Lembro ainda das partidas de futebol entre o Ita Sport Club e o Estrada de Ferro F.C., nas tarde de domingo, para onde o povo ia em massa para torcer, sofrer e cantar o hino do clube vencedor no final das disputas. Oh! Como a meninada também torcia com animação no desenrolar daquelas partidas.
Tinha também o conjunto musical do Crespo, de funcionários da Estrada de Ferro, que encantava os tradicionais saraus nos sábados e vésperas de feriados. São tantas recordações e tantas alegrias e saudades (eu tinha nessa época 8 anos) que, às vezes, fico pensando como a minha memória pôde armazenar tantos acontecimentos. Veio a Revolução de 30 e era na Estação que os revolucionários passavam, uniformizados, com lenço vermelho no pescoço, dentro dos vagões da ferrovia com destino, ao Rio de Janeiro. Para nós, crianças, tudo era motivo de animação e alegria. Após a Revolução, no ano de 1931, meu pai foi transferido para a coletoria de Bom Jesus do Norte, Espírito Santo, e com a mudança fomos nos afastando de Ponte do Itabapoana.
Hoje eu me lembro de minha infância e sei que Ponte do Itabapoana deixou marcas em minha vida. Se hoje sou torcedor do Clube de Regatas Flamengo, é porque o Ita S.C. usava a camisa rubro-negra e quando fui estudar no Colégio Bittencourt, em Campos — RJ, fiquei sabendo de que no Rio de Janeiro, o clube que usava a camisa rubro-negra era o Flamengo — já naquela época, campeão de terra, mar e ar!
(Do livro "O Outro Lado da Moeda", 2011)
(Do livro "O Outro Lado da Moeda", 2011)
Grande exemplo de amizade sincera!
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