Antônio de Souza Dutra |
Foram Antônio Teixeira de Siqueira e Francisco José Borges que pelos idos de 1860 e 1862, instituíram em Bom Jesus a adoração do Divino Espírito Santo, da qual se originou a nossa tão querida e popular Festa de Agosto. Antônio Teixeira de Siqueira foi dos primeiros a se estabelecer nestas terras, mais ou menos em 1850 adquiriu a fazenda da Barra, do Alferes Francisco da Silva Pinto que, por sua vez, a adquiriu de seu cunhado Fernando Antônio Dutra, da família Dutra Nicácio.
Francisco José Borges, sogro de Antônio Teixeira de Siqueira, e avô Jorcelino, Francisco, Alair e Bolívar Teixeira Borges, deve ter chegado aqui por volta de 1852 e se estabeleceu no Córrego do Leite de que talvez tenha sido o desbravador.
A adoração não se limitava a atos litúrgicos no recinto da Capela de Santa Rita que então era nossa Igreja, mas desde seu início se realizava com festas mais ou menos solenes, com procissão, coroa e um menino representando o Imperador do Divino. Também desde o início havia farta distribuição de esmolas aos pobres.
A entronização da coroa foi adicionada pelo Padre Mello em um dos primeiros anos de seu paroquiato, e também o belíssimo hino da Alva Pomba, cujas letra e música são de autoria do Padre Delgado, natural como o Padre Mello, da ilha de São Miguel, do Arquipélago Português dos Açores. Esse hino deve ser muito antigo pois o Padre Mello dizia que, em sua infância, já o ouvia cantar, na paróquia do seu autor, como se cantava aqui. Mas o Padre Mello implantou a entronização, não a criou, apenas imitou o que era mais que secular em sua terra natal; o uso do Imperador do Divino, como era chamado, vinha do início da adoração.
Em 1891, indo ao Rio, adquiriu paramentos da Igreja de que fazia parte a magnífica indumentária do Imperador, Joaquim Teixeira de Siqueira Reis, intendente do primeiro conselho do efêmero município de Bom Jesus, contraiu febre amarela de que veio a falecer em 18 de agosto, tendo visto já no leito da morte seu filho Pedro Reis estreando a referida indumentária.
Quanto à data de 15 de agosto, foi fixada pelo Padre Mello de comum acordo com os lavradores por ser época de maior folga nos trabalhos da lavoura e também nas finanças.
A origem do culto do Divino Espírito Santo em Portugal vem do século XIV, quando o Rei D. Diniz e Dona Izabel, que foi canonizada pelo Papa Urbano VIII, tornando-se a Rainha Santa, mandaram, cumprindo um voto, construir uma Igreja em sua homenagem, e foram no Domingo de Pentecostes, o Rei acompanhado da Rainha conduzindo a coroa na mão, depositá-la no altar donde o Bispo de Lisboa a levantava com cerimonial adequado e colocava na cabeça do rei, para significar com isto que o poder dos reis vem de Deus.
Outras cidades e aldeias foram imitando, sempre com um representante do Rei e o pároco do lugar representando o Bispo; e assim se generalizou o culto do Divino Espírito Santo como símbolo e a pessoa do Imperador com a coroa como depositário do poder emanado de Deus.
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