Era dezembro de 1889 quando o mar trouxe ao Brasil um casal de açorianos da Ilha de São Miguel. Joaquim Vieira Seródio e Maria da Conceição, ambos com 38 anos, vinham de terras de vento e sal. Ele, natural do Conselho da Povoação; ela, da Freguesia de Salga. Nos bancos da Igreja de Nossa Senhora Mãe de Deus, em Povoação, haviam batizado os primeiros filhos — Manoel, Maria, José e Jacintho. No Brasil, ainda viriam ao mundo Augusto e Jovelina.
A esperança, mais que bagagem, foi a força que os fez atravessar o Atlântico. Em solo fluminense, começaram como lavradores na fazenda São Domingos, em Itaperuna, no noroeste do estado. Mais tarde, seguiram para a comunidade de Alto Calçado, onde o trabalho amanhecia com o canto dos galos e adormecia junto às estrelas.
Com as economias arrancadas à terra, adquiriram terras na Vargem Alegre, hoje Pirapetinga de Bom Jesus, e em Barra do Pirapetinga, no município de Bom Jesus do Itabapoana. Joaquim, então, fez-se comerciante, abrindo portas e oportunidades. Os filhos, já adultos, testemunharam e ajudaram a erguer essa nova vida.
O tempo, sempre fiel, trouxe casamentos, netos e novas histórias. Manoel uniu-se a Maria da Luz de Frias, portuguesa da Ilha da Madeira, e juntos tiveram Oliveiro, José, Maria, Amélia, Alzira, Alice e Alda. Jacintho casou-se com Victalina, e dessa união nasceram Antônio, Maria, José e Manoel. Viúvo, Jacintho se casou novamente, agora com Laudelina de Frias, também da ilha de São Miguel, e o lar se encheu de mais vozes: Iracema, Homero, Amélia, Jary e Moacyr.
Augusto casou-se com Geraldina, e nasceram Abílio, Joaquim, Maria, Tereza, Manoel, Antônio e Francisco. Jovelina casou-se com Diomar Franklin, farmacêutico em Santo Antônio, e tiveram Maria da Penha e Luzia.
Hoje, os Vieira Seródio se espalham por Bom Jesus do Itabapoana e arredores como galhos de uma árvore frondosa. Professores, religiosos, comerciantes, médicos, músicos, pecuaristas, advogados, bancários, artistas e até representantes no poder público, todos carregam no sobrenome a memória dos que vieram antes.
A história de Joaquim e Maria é mais que um capítulo na genealogia da cidade: é um exemplo de trabalho, coragem e amor à terra que os acolheu. A eles, a gratidão eterna de filhos, netos, bisnetos, trinetos, tataranetos, pentanetos, hexanetos… e de todos aqueles que, mesmo sem laços de sangue, admiram os pioneiros que trocaram o horizonte dos Açores pelas margens do Itabapoana.
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