domingo, 7 de setembro de 2025

Grandeza da Máquina, a Mesquinharia do Homem

                                        Por Gino Martins Borges Bastos 


Dostoievski, em Noites Brancas, descreveu São Petersburgo com olhos que captavam sua majestade, sua grandeza, a grandiloquência de seus monumentos e, ao mesmo tempo, a mesquinharia da vida de tantos de seus habitantes.

Mas essa contradição não é apenas da Rússia do século XIX. Pode ser vista em cada cidade, em cada aldeia do mundo: o extraordinário que se ergue ao lado do ordinário; o sublime que convive com a banalidade humana.

Nos dias de hoje, o desenvolvimento científico e tecnológico é impressionante. Mas, paradoxalmente, não é acompanhado por um crescimento equivalente da sensibilidade, da consciência e do coração humano. Ao contrário: tantas conquistas acabam servindo à banalização do pensamento, à diminuição da empatia, tudo em nome de uma democracia muitas vezes falsa.

As forças econômicas que controlam a indústria cultural querem massas obedientes, consumistas, manipuladas, política e emocionalmente. Mas há outra história, escrita diariamente, que não passa pelas telas, nem pelas manchetes: é a história que nasce no coração humano.

Uma história invisível aos olhos apressados: resistência silenciosa, esperança persistente, gestos pequenos que constroem mundos novos. Um mundo que brota do cuidado, do afeto, do gesto pequeno, mas profundo

Porque, no final, não são os monumentos nem a tecnologia que definem uma civilização, mas a ternura, a coragem, e a consciência de seus habitantes.




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