Funcionário da antiga Empresa de Luz e Força Itabapoana Ltda, com sede em Bom Jesus do Norte, aposentou-se em 1992, pela Escelsa e cedeu várias preciosidades para a Exposição "Objetos perdidos no tempo..." que ocorre no ECLB (Espaço Cultural Luciano Bastos).
Mangaravite, afilhado de Esio Bastos, fundador do jornal O Norte Fluminense, lembra que "foi João Ferreira Soares quem estabeleceu a Usina Hidrelétrica Mangaravite na década de 1930. O nome foi dado em homenagem ao meu avô Fortunato Mangaravite, que era o proprietário das terras da região. Meu avô era italiano e veio para o Brasil com a esposa Maria Gualhana. A Usina cedia energia para o Estado do Rio de Janeiro e para o Estado do Espírito Santo. João Ferreira Soares foi também proprietário da Cia. de Estrada de Ferro Itabapoana. Era, portanto, um empreendedor e visionário".
Cel. João Ferreira Soares
(continua)
Mangaravite trabalhou por cerca de um ano no jornal O Norte Fluminense, quando tinha cerca de 16 anos de idade. "Eu ajudava na impressão de blocos de notas fiscais e puxava a guilhotina para cortar papeis". Depois, foi trabalhar com seu pai na Empresa de Luz: "Meu pai, José Mangaravite, casado com Laudilina Fragoso da Silva Mangaravite, era operador da Usina, e fui ajudá-lo nas tarefas. Ingressei no ano de 1959, quando a Usina tinha sido adquirida por Abdo Bussad, que a entregou para seus filhos Emir, Anoar, Jamil, Salim e Antônio. Emir Bussad ficou na função de diretor-gerente. Em 1971, o governo militar inverveio na Usina, nomeando como interventor o sr. Ambrosino. Ele permaneceu na administração até 1976, quando parte da empresa foi transferida para a Escelsa, no Espírito Santo, enquanto a outra parte foi repassada para a Empresa Fluminense de Energia Elétrica. Aposentei-me em 1992".
Manoel Mangaravite da Silva
Exemplo de Dedicação, Competência e Companheirismo
Vitória, 16 de agosto de 1989
A SAGA DOS MANGARAVITE (III)
Manoel Mangaravite se recorda do colega de trabalho conhecido como João Conversa: "ele trabalhou com João Ferreira Soares e com Emir Bussad. Era muito prestativo, extremamente dedicado ao trabalho. Recordo-me de duas histórias sobre ele".
VENDA DE ABÍLIO POUBEL
Na época, era costume as pessoas realizarem compras e anotarem na caderneta. João Conversa comprava na venda de Abílio Poubel, localizada na atual Avenida Progresso, e anotava na caderneta. Ocorre que ele passou a atrasar o pagamento. Depois de três meses sem pagar, ele apareceu na venda para fazer nova compra. Abílio ficou revoltado e passou a repreendê-lo no meio dos fregueses: - Como se atreve a vir fazer compra na minha venda, se você está com três meses sem me pagar?
Após esta reprimenda, João Conversa resolveu ficar na porta do estabelecimento. Depois que os fregueses saíram, ele foi estar com Abílio, que lhe perguntou: - O que você quer? - Quero o troco! - Quer o troco de que? - A esculhambação que você me deu na frente dos seus fregueses valeu mais do que eu lhe devia!
João Conversa era o eletricista principal da empresa e, em várias localidades da região, havia os eletricistas "tomadores de conta". Em uma delas, tinha um colega que possuía uma namorada em Bom Jesus do Norte. Este colega esteve com João Conversa e lhe pediu para entregar um dinheiro para ela. João Conversa foi para Bom Jesus do Norte e acabou tendo um caso com a referida mulher. Depois do caso, ele entregou o dinheiro e disse o nome de quem mandou entregá-lo a ela.
(continua)
REALIZAÇÃO
"Sou muito saudosista. Sempre me recordo dos companheiros da Força e Luz, que já faleceram, assim como dos companheiros da Escelsa. Sinto-me realizado com minha família e com os filhos que tenho. Uma mensagem que deixo para as novas gerações: - Honestidade!
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Telefone de Campanha |
Manoel Mangaravite trabalhou no jornal O Norte Fluminense quando tinha cerca de 15 anos de idade, no setor de serviços gerais. Ele se recorda de seus colegas de trabalho Darci, José Russo, Gulinho e Alípio (Dico) Simões, que era o chefe do setor gráfico. "A gráfica ficava situada do outro lado da rua Buarque de Nazareth, e Dico tinha de atravessar a rua para levar a cópia para ser corrigida por Esio Bastos na loja conhecida como Gráfica Gutenberg. José Cabral de Mello trabalhou como contador da gráfica".
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Manoel Mangaravite e a neta Aline Mangaravite Carrereth |
O português Padre Mello era amigo do italiano Fortunato Mangaravite
Fortunato Mangaravite nasceu na Itália em 1864. Veio para o Brasil em 1899, com 35 anos de idade. Casado com Maria Gualhano, veio com uma filha: Domingas. Viveu no Brasil até seu falecimento, em 1926, com 64 anos. Teve 9 (nove) filhos: Ângela, Carlos (Carmo), Filomena, José (pai de Manoel Mangaravite) e João.
Fazendeiro de renome na região, destacou-se na criação de suínos e na produção de café. Pessoa estimada, gostava de comemorar seu aniversário, 24 de junho, com festa junina e muita dança regada a cerveja, pois era grande apreciador dessa bebida, que, na época, era servida na temperatura ambiente. Morreu na fazenda, em decorrência de complicações de diabetes, segundo o atestado de óbito do Dr. Colombino Teixeira de Siqueira, conceituado médico bonjesuense.
A FOTO HISTÓRICA DE PADRE MELLO NA FAZENDA DE FORTUNATO MANGARAVITE
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Fazenda de Fortunato Mangaravite, em Bom Jesus do Norte, em 1915, vendo-se Padre Mello de batina branca |
João Mangaravite esclareceu a seu primo João Perfumagia, a respeito da foto acima, nos seguintes termos:
" Prezado primo João, esta foto mostra a fazenda do nosso avô Fortunato Mangaravite. A data é de aproximadamente 1915 e ficou com nosso avô até sua morte, em 1926. Depois, alguns herdeiros botaram fora, vendendo para o sr. João Ferreira Soares, que, logo em seguida, construiu a Usina Mangaravite. O sr. João Soares era um grande empreendedor e visionário da época. A foto lembra a tradição das festas juninas e esse enorme tronco atravessava o Rio Calçado. Nosso avô era também um grande empreendedor e, já naquela década, produzia café, arroz, milho, e também havia uma grande criação de suínos. Resumindo: nossos pais e tios tiveram uma grande oportunidade de consolidar e prosperar nos negócios de nosso avô Fortunato, que infelizmente faleceu muito novo, com apenas 62 anos. Seus filhos e genros não souberam dar continuidade ao patrimônio que nosso avô construiu. Fica a lembrança e a lição na qual acredito: a educação é a base para o sucesso".
João Ferreira Soares construiu a barragem da Usina Mangaravite em 1952.
Em 1953, Getúlio Vargas assinou o Decreto nº 34383 de 27 de outubro, que transferiu a Empresa Luz e Força Itabapoana, de propriedade de João Ferreira Soares à Empresa Luz de Força Itabapoana Ltda, de Emir Bussad, que foi autorizada a funcionar como empresa de energia elétrica pelo Decreto nº 31.915, de 12 de dezembro de 1952.
Em 1960, Juscelino Kubitschek assinou o Decreto nº 48.415, de 24 de junho, ampliando a zona de concessão da Empresa Luz e Força Itabapoana Ltda, no Estado do Espírito Santo, com a inclusão do município de Apiacá e da vila de Ponte do Itabapoana, em Mimoso do Sul.
Foi autorizada a construir uma linha de transmissão de energia elétrica entre a Usina Mangaravite, de propriedade da empresa, até a sede do município de Apiacá, com os sistemas de distribuição que fossem necessários.
O Decreto nº 48.416, de 24 de junho de 1960, ampliou a zona de concessão da Empresa Luz e Força Itabapoana Ltda, no Estado do Rio de Janeiro, com a inclusão do distrito de Carabuçu, em Bom Jesus do Itabapoana, excetuando-se o distrito de Serrinha e a fazenda Matinhos.
Ampliou, ainda, até os distritos de Santo Eduardo e Santa Maria, no município de Campos dos Goytacazes, excetuando a localidade de "Espírito Santo" e as fazendas "Santa Teresa e Matinhos".
Segundo João Bousquet Júnior, "em 1934, substituí Joaquim Ferreira ramos na empresa de João Soares, que era sobrinho de Carlos Firmo.
João Soares era proprietário da Usina de Força e Luz Itabapoana, da Usina Santa Isabel e da Estrada de Ferro Itabapoana. Recordo-me que João Soares costumava dizer: "quando quero ver um homem honesto, vou ao espelho".
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Certidão de Óbito de Fortunato Mangaravite |
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