segunda-feira, 9 de junho de 2025

O DIVINO VARRO-FICO DE VARRE-SAI!

                                  Por Gino Martins Borges Bastos 


A memorável Festa do Divino Espírito Santo em Varre-Sai. Fotos: Isac Nascimento, Paulino José Rocha da Silva e André Luiz de Oliveira.



Em nossa região, a Festa do Divino Espírito Santo teve início na zona rural de Bom Jesus do Itabapoana, nos idos de 1860, através de Francisco José Borges e Antônio Teixeira de Siqueira. Em 1899, ela se fortaleceu graças à ação do açoriano Padre Antônio Francisco de Mello, que aqui viveu até 1947.

Segundo a conceituada historiadora e escritora Isabel Menezes, guardiã da memória varre-saiense, que lançou o livro infantil para colorir, intitulado "CORDEL  DA FESTA DO DIVINO, VARRE-SAI", a história da Festa do Divino em Varre-Sai foi inspirada na realizada em Bom Jesus:

"na década de 1970, o recém ordenado Padre Antônio Alves de Siqueira passou por Bom Jesus do Itabapoana e ficou encantado com os festejos do Divino. Nomeado pároco de Varre-Sai, em 1973 ele estruturou a devoção, realizando duas Festas do Divino: em 1978 e 1979. Com grande pompa e adesão de toda a população, moveu a cidade e o campo numa harmonia entre religião, trabalho e arte. Com a saída do Padre Antônio Alves de Siqueira, houve uma descontinuidade dos festejos do Divino. A celebração ressurgiu em 2016, com o Pároco da Igreja de Nossa Senhora das Graças  Padre Rafael Rodrigo Scolaro, que resgatou os festejos com uma preparação muito bonita: a visita dos alferes do Divino com suas bandeiras a todas as residências".

A Festa do Divino Espírito Santo é uma celebração que ocorre 50 dias após o Domingo de Páscoa, no domingo de Pentecostes. A festa comemora a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos e é considerada o "nascimento da Igreja".

O açoriano Francisco Amaro Borba Gonçalves, nascido na ilha Terceira, onde também nasceu Francisco Lourenço Borges, o patriarca da família Borges, de Bom Jesus do Itabapoana, fez questão de vir a Varre-Sai para observar o legado açoriano da Festa do Divino. Percorreu o mesmo caminho que seu conterrâneo, o açoriano Padre Antônio Francisco de Mello, que foi pároco concomitantemente em Varre-Sai e em Bom Jesus do Itabapoana, entre os anos de 1916 e 1924. Dotado de uma notável erudição, e grande sentimento de identidade com tudo o que se refere aos Açores, ele trouxe consigo a deliciosa massa sovada, um tipo de pão tradicional do Arquipélago dos Açores, para ser distribuido na Festa de Varre-Sai. Ele fez a entrega das massas sovadas a Isabel Menezes, que as fixou na Casa do Império.

No dia 8 de junho, às 8h, ocorreu a coroação do Imperador, na Capela de Nossa Senhora Aparecida, seguida de cortejo pelas ruas de Varre-Sai, ao som da centenária Lira Santa Cecília. Logo após, ocorreu a Santa Missa festiva e campal. Prosseguiu-se com exposição agropecuária, artesanal e culinária, procissão de tratores e máquinas agrícolas, além de show com cantores locais, a queima dos pedidos, culminando com o levantamento do mastro.

A TV Alcance, de Isac Nascimento, fez a cobertura do memorável evento e realizou entrevistas com o Padre Silvano Salvatte Zanon, que apoiou a realização da Festa do Divino a partir de 2018, com a Secretária de Turismo, Shoraya Alonso, com Isabel Menezes e com Francisco Amaro Borba Gonçalves.

A reportagem realizou também filmagens e entrevistas nas adegas de vinho de jabuticaba artesanal. Na  Adega Rodolphi, entrevistou Filomena Rodolphi, relembrando a saudosa matriarca Geraldina Rodolphi. Na Adega Dário Bendia, entrevistou a matriarca Dona Conceição Bendia e sua filha Roselane. Na Pousada Velho Moinho, entrevistou a proprietária Fátima Pimentel.

A TV Alcance registrou ainda a escultura em homenagem ao ilustre varre-saiense Baden Powell, um dos maiores violonistas do Brasil, e referência na música internacional. A bela obra está fixada no centro da cidade e foi doada pelo consagrado artista Célio Nogueira, conhecido como Celinho.

Varre-Sai é colonizada por cerca de cem famílias italianas, que chegaram à região no final do século XIX, e é a capital do café no estado do Rio de Janeiro. A família é fundamental para o desenvolvimento de uma identidade cultural, de um sentimento de pertencimento e bem-estar dos indivíduos. Essa identidade cultural e civilizacional em Varre-Sai impõe respeito ao mundo.

Se Dona Inácia, no século XIX, concordava que o tropeiro ficasse hospedado em seu rancho, desde que "Varre e Sai", o visitante atual do histórico e vibrante município se sente compelido a responder: "Varro e Fico!"
















































































































































































































































































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