Adalto Boechat Júnior é pirapetinguense. Isso, por si só, já é um anúncio. Quem nasce em Pirapetinga de Bom Jesus carrega a marca da memória de sua história e o dom da escrita que brota de um coração puro.
A colonização suíça se revela nas antigas fazendas cafeeiras da época imperial. No alto do centro do distrito, o pomposo casarão ergue-se como bandeira eternamente cravada na colina, proclamando a majestade e a sacralidade daquele espaço.
O sangue da família suíça Boechat uniu-se ao do açoriano Seródio e o resultado foi uma joia da humanidade. Iracema Seródio Boechat, poetisa das memórias, canta a saudade, as raízes, os filhos e a família como o rio canta para suas margens. A Roda d’Água do Museu da Imagem é poesia eternizada em madeira e ferro, revelando o encanto de um passado sempre presente. Já os grilhões, usados no período da escravidão, lembram que nossas riquezas também se ergueram sobre o sofrimento imposto a pessoas escravizadas.
Norberto Seródio Boechat, filho do líder político Agostinho Boechat e Iracema Seródio Boechat, tornou-se a estrela literária maior de um povo que se orgulha de sua terra natal. Seus livros, recheados de lembranças e personagens singulares da aldeia, iluminam céus de muitos mundos.
Sua ausência precoce abalou Pirapetinga e toda Bom Jesus do Itabapoana. Mas sua obra e seu espírito permanecem vivos, guardados em cada coração.
Adalto Boechat Júnior foi cuidador da saúde de Norberto. Nesse período, ficava encantado ouvindo as histórias contadas por um ser humano que era a encarnação da cultura e dignidade. Após a partida do mestre, nele floresceu o desejo de continuar a obra do amigo. “A troca de nome”, “Olívio Joaquim Barbosa” e “O guisado de Dona Nenêm” foram seus primeiros textos enviados ao jornal O Norte Fluminense, seguindo o mesmo caminho que Norberto trilhava com regularidade.
Mas Adalto é também poeta de sua amada Pirapetinga, um poeta visual. Sua sensibilidade para registrar imagens que despertam emoções e reflexões surgiu de forma natural. Fotografa as coisas simples e nelas revela belezas ocultas, assim como faz em seus escritos.
Adalto Boechat Júnior é, simplesmente, pirapetinguense. E isso diz tudo.
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