Sara Gaspar, com olhos de quem vê além, enxergou nela a menina que sempre quis ser bailarina. Uma menina que enfrentou os testes da vida como quem enfrenta o frio de uma sapatilha nova: com temor e encantamento. Carlos Augusto Souto de Alencar, em seu prefácio, não teve dúvidas ao chamá-la de “bailarina dos infinitos passos”, pois ali está alguém que dança com a vida — no palco, na escrita, na memória. O livro, mais que biografia, é coreografia de alma.
“Para mim, dançar é viver em poesia”, disse Dilma. E, de fato, ela vive assim — girando em gratidão, rodopiando em palavras, com a leveza de quem já dançou sob chuva e sol, em silêncio e em aplausos.
Na FLICbonjê, os livros falavam. As poesias respiravam no ar. E a TUNA LUSO-BONJESUENSE, com suas crianças-cordas-vivas, fez vibrar corações desacostumados à beleza espontânea. Dilma se emocionou, como quem reencontra a infância numa melodia. “Nós não vemos isso em uma cidade grande”, disse. E era verdade. Há coisas que só nascem onde o chão ainda escuta passos de quem sonha.
No dia seguinte, na festa de aniversário da reinauguração do Teatro Cinema Conchita de Moraes, a arte continuou seu bailado. Dilma viu Brenda Alessandra, 12 anos, acender o palco com palavras e presença. Escutou o piano de Luis Otávio Barreto como quem ouve uma lembrança. Sorriu para a música das crianças da Sociedade Musical da Usina Santa Maria como quem planta esperança.
Dilma Yara não apenas lançou um livro. Ela lançou sementes de beleza. Dançou com as pernas, com os versos, com os corações. Em cada passo, uma história. Em cada história, um pulso. Em cada pulso, a certeza de que a dança — quando é feita de verdade — nunca termina. Apenas continua… em infinitos passos.
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