Chorar e Rir Sozinho

                                       Por Gino Martins Borges Bastos 

Há quem pense que a solidão é feita apenas de silêncios tristes, desses que apertam o peito quando a casa se esvazia e os olhos ardem com um choro que ninguém vê. E é verdade — muitas histórias guardam momentos assim: crianças que choraram por não verem os pais voltarem, jovens que silenciaram a dor da ausência dos irmãos, adultos que sentiram falta de um ombro amigo nas horas em que tudo desabava. O mundo, às vezes, pesa demais para se carregar sozinho.

Mas há uma outra solidão — menos falada, embora igualmente verdadeira — que nasce quando o coração explode de alegria e não há com quem dividir. É a risada solitária de quem conquista algo que ninguém entende por completo. Um diploma conquistado à custa de madrugadas insones. Um projeto que deu certo quando todos diziam que não valia a pena. Um pequeno gesto de coragem que só o próprio sabe o quanto custou.

Rimos sozinhos às vezes, e não por falta de companhia, mas porque há conquistas que só o coração compreende. Não cabem em explicações, nem precisam de aplausos. São vitórias silenciosas que florescem por dentro, e basta isso.

Chorar sozinho, sim, dói. Mas rir sozinho… ah, isso cura. É o riso manso de quem, apesar de tudo, permaneceu de pé. De quem não esperou reconhecimento, mas o sentiu brotar de dentro como um sol que ninguém vê nascer, mas que clareia o dia inteiro.

No fim, talvez seja isso crescer: saber chorar quando for preciso — mas também saber rir, mesmo que ninguém escute. Porque o coração sabe. E isso já é festa suficiente.