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| Carolina Boechat |
Comoveu-me a morte de uma sobrinha com todas as circunstâncias que a levaram de forma precoce. As pessoas costumam dizer que ninguém parte antes da hora, mas me fosse dada a escolha, preferiria que esta hora não chegasse para ciclos incompletos de vida.
Entretanto, sendo este um conceito polêmico, levaríamos horas infinitas de debates pautados em temas existenciais, filosóficos e religiosos sem estabelecer, contudo, um tempo ideal para a nossa derradeira partida.
Fato é que, durante os últimos dias, vivi um luto que me travou a criação e incomodou por sofrê-lo no mais absoluto silêncio. Fui ficando melancólica a ponto de reconhecer que o tratamento se fazia urgente!
Depois de tantas décadas de eficácia comprovada para o abrandamento dos sintomas catalogados no grande grupo de tristezas desta vida, opto pelo desafio da tela em branco que me convida a viver as aventuras que eu quiser.
Viajo nas nuvens, construo uma máquina do tempo e sou resgatada das trevas pelo meu príncipe intergaláctico de fartos cabelos brancos.
Escrevendo, sou feliz, sou imortal e resisto.
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