A única Banda Mista do Brasil em 1962
Em 1962, o Brasil vivia um período de transformações sociais e culturais. No interior fluminense, a Sociedade Musical da Usina Santa Maria destacava-se como um símbolo singular dessa época. Formada por operários e administradores, era, segundo registro do jornal O Norte Fluminense, a única corporação musical mista do país naquele momento.
A notícia, publicada em 30 de setembro de 1962, relata que o desfile da Banda na parada de 7 de setembro, em Campos dos Goytacazes, foi o ponto alto das comemorações da Independência. A corporação também se apresentou em Calheiros, Rosal e Carabuçu, levando sua música a diferentes localidades e reforçando o prestígio da Usina Santa Maria na região. Além disso, foi convidada a se apresentar em São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Guanabara.
A iniciativa partiu do industrial Jorge Pereira Pinto, movido por um notável espírito público e pelo desejo de integrar a comunidade de trabalhadores e dirigentes da usina. Sob a regência do Maestro José Primo, a banda consolidou-se como expressão de harmonia social e cultural, reflexo de uma época em que o trabalho e a arte podiam caminhar juntos.
O registro do O Norte Fluminense, jornal fundado por Ésio Bastos em 25 de dezembro de 1946, revela não apenas a relevância da Banda, mas também o papel histórico do próprio periódico. Há quase oito décadas, o jornal cumpre a função de documentar a vida política, social e cultural de Bom Jesus e região, tornando-se fonte indispensável para pesquisadores e cidadãos interessados em compreender a formação histórica local.
O exemplar que traz essa notícia integra o acervo do Espaço Cultural Luciano Bastos, instituição que preserva e disponibiliza a memória impressa da região. Graças a esse trabalho de guarda e pesquisa, é possível revisitar momentos marcantes como o da Sociedade Musical da Usina Santa Maria, cuja existência simboliza a união entre o progresso industrial e a sensibilidade artística.
A trajetória dessa banda e o registro do jornal reafirmam a importância da preservação documental como forma de manter viva a consciência histórica e crítica de uma sociedade.
Mais do que lembrar um fato, a notícia de 1962 nos recorda que cada som, cada gesto e cada palavra impressa têm o poder de atravessar o tempo, transformando o passado em memória e a memória em patrimônio.
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| Jornal O Norte Fluminense. 30 de setembro de 1962 (acervo do Espaço Cultural Luciano Bastos) |


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